segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O ano foi bom, obrigada

2013 foi, na minha vida, um dos poucos anos que eu posso chamar de realmente proveitosos. Não que os outros tivessem sido ruins, só passaram em brancas nuvens. O que esse ano teve de diferente: eu me senti realmente orgulhosa de mim mesma, do meu crescimento, das minhas pequenas conquistas. Pela primeira vez me senti um indivíduo pleno, no caminho certo para a felicidade.
Reforcei cada vez mais as coisas nas quais acredito. Mudei de um curso de graduação que eu detestava para um curso que eu sempre quis fazer. Terminei o curso técnico. Conheci pessoas novas na faculdade. Sou reconhecida pela minha competência. Li treze livros, escutei quinze álbuns de música. Entrei em transição capilar. Aprendi milhões de coisas novas e me apaixonei pelo que aprendi. As baixas emocionais do ano, a sensação de impotência e de inutilidade, a dor de cotovelo, tudo isso me ensinou alguma coisa. Minha relação com os amigos foi fortalecida. Minha auto-estima está aumentando gradualmente.
Pro ano que vem eu só desejo que tudo continue, ou que seja melhor. Desejo poder cantar mais, ver mais filmes, aprender a andar de bicicleta. Desejo também mais algumas coisas, particulares e secretas. Mas agora tenho total certeza de que estou bem segura nesta casa e feliz com a minha vida.
Feliz ano novo.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

E não estavas tu (conto)

Ela saiu do prédio da faculdade, depois de uma tarde de aulas cansativas e entediantes. Notou que o céu estava nublado. Até aí, normal: era outono, algumas nuvens teimosas formavam-se de vez em quando. Às vezes chovia, mas era quase nada. A vida continuava seguindo para a maioria das pessoas, afinal, eram só alguns pingos caindo do céu. Mas, naquela tarde, havia algo de diferente no céu. Nuvens carregadas, pesadas, cinzas, que faziam com que a noite surgisse antes do tempo e traziam consigo um clima desolador. Um clima que combinava com a melancolia enraizada no peito dela.
Ela caminhava pelo campus, cabisbaixa, procurando não olhar para as pessoas ao redor. Pessoas sentadas na grama, sozinhas ou acompanhadas, com amigos ou com namorados. Nada importava mais. Tinha apenas o peso da mochila nas costas e um peso ainda maior dentro de si, o peso que ele deixou ao ir embora. Ele foi embora. E ela já não sabia dizer há quanto tempo, não sabia dizer pra onde ele tinha ido, sabia apenas que ele não estava mais ao seu lado. Não havia explicação, não havia um bilhete sequer, havia apenas o vazio. E ela não entendia. Tantas noites de amor e cumplicidade, tantos momentos de ternura, tantas promessas de não-abandono, e ele sumiu sem explicação. Há uma semana ela já não o via, e no lugar da sua presença brotou essa dor. Será que ele tinha problemas? Será que ele já não a queria mais? E todas as estrelas que eles viram juntos? E as estrelas que ele oferecia a ela como prova de amor?
"Aquela estrela é sua."
"E como você vai pegá-la pra mim?"
"Enquanto ela brilhar para nós dois, ela será sua."
"Então é melhor que seja nossa.
E na noite anterior, a estrela brilhou. No mesmo lugar. Talvez não fosse a mesma estrela, mas isso não importava.
Ela estava sozinha dessa vez.
Escorreram as primeiras lágrimas, as primeiras depois de um bom tempo ocupado com outros afazeres. E, junto com as lágrimas, a chuva que prometia cair há horas. Uma chuva torrencial, que não parecia passível de cessar em pouco tempo. Ela não se importou em se molhar, aquilo era o de menos. Parou, olhou ao redor. Aquelas pessoas, tão ocupadas com seus afazeres e com seus companheiros, se desesperaram com a chuva e começaram a correr para se abrigar. A harmonia, ainda que debaixo do céu nublado, tornou-se caos quando tudo desabou.
Ele não estava lá. Em nenhum lugar que ela pudesse encontrar. Em nenhum lugar onde costumava estar. E ela desejou, como nunca antes, que ele estivesse no meio daquelas pessoas correndo. Queria abraçá-lo em meio à chuva, ouvi-lo dizer que estava tudo bem. Mas isso não aconteceria.
Assim, ela continuou caminhando na chuva. De que adiantava correr? O temporal iria parar em algum momento, mas a sua dor não cessaria enquanto ele não aparecesse.
"Não sei se você me ama ou me engana. Só sei que sinto sua falta, e isso está me matando".

Conto inspirado em "Esta tarde vi llover" (Armando Manzanero)

domingo, 8 de dezembro de 2013

Playlist corta-coração

Músicas que me emocionam por serem lindas, ou por serem tristes.

- Pablo -  Milton Nascimento
- Esta Tarde Vi Llover (ao vivo no Transversal do Tempo) - Elis Regina
- Um Girassol da Cor de seu Cabelo - Lô Borges (Clube da Esquina)
- Carlos, Lúcia, Chico e Tiago - Milton Nascimento
- Canto Triste - Elis Regina
- Olho d'Água - Milton Nascimento
- Sabiá - Elis Regina
- Valsa de Eurídice (ao vivo no Trem Azul) - Elis Regina
- Barcelona - Freddie Mercury e Montserrat Caballé

(Tem poucos artistas, mas são os que me tocam.)

domingo, 1 de dezembro de 2013

Abobrinha curta minúscula da norma

Alguém completamente normal. Alguém que engoliu sem mastigar - mastigar pra quê? Vou perder tempo com isso? - o ideal de vida que lhe foi ensinado. Estudou a vida inteira em colégios particulares, fez cursinho pré-vestibular e foi coagido pelos pais a cursar medicina. "É o que dá dinheiro", disseram eles.
Há também a história do outro alguém que foi estimulado a fazer um concurso público de nível médio só pra ter "estabilidade". Não importa o quão chato, monótono e repetitivo o trabalho administrativo dele possa ser, o que importa é o dinheiro na conta, não é?

sábado, 16 de novembro de 2013

Elisiana #1

Eu te ouço cantar. Eu nunca te vi, não te conheci, nasci bem depois de você partir. Então o que posso fazer é te ouvir cantar, é tudo que tenho.
Mas mesmo tendo só isso de você, já transbordo. Já me sinto viva, inspirada e feliz. Transbordo de orgulho e de amor pelo que você foi, pela sua obra, pelo seu jeito de cantar. Me emociono com algumas imagens e canções suas, como nunca consegui me emocionar antes. Você arrancou de mim arrepios que eu acreditava que nunca teria.
Talvez seja amor de fã. Os mais de seis anos já confirmam que não é mera paixão. Mas não é só isso... é uma ligação profunda. Seja lá o que for, eu te amo e você é minha eterna inspiração de vida.

sábado, 9 de novembro de 2013

Vento solar

Dizem que não existe inspiração quando se está feliz. A não ser para escrever besteirinhas apaixonadas. Não estou apaixonada, estou apenas contente com minha vida, então não sei bem sobre o que escrever aqui. Alguns imbecis repetem máximas do tipo "não grite sua felicidade, a inveja tem sono leve" e "quem fica expondo demais que está feliz na verdade só quer atenção". Discordo das duas. Aliás, quero mais é que todo mundo exponha seus sentimentos. E mais, qual o mal de querer atenção? Há quem diga que a felicidade exposta não é verdadeira. Discordo de novo. Mas, mais uma vez, não é por causa desses absurdos que eu não consigo escrever direito. É só pela sensação de que "tá tudo bem, não há nada a dizer".
Estou ouvindo novas músicas (velhas) - leia-se: discos do século passado que eu nunca tinha escutado antes - e fazendo coisas novas. Fissurada pelo jornalismo. Aparentemente minha intuição sobre "minha profissão" estava correta esse tempo todo. Querendo ler mais e mais, sendo a aluna exemplar que eu não fui nos três semestres de Ciências Sociais. Conhecendo gente nova. Reforçando meus velhos laços de amizade.
"Post nubila, Phoebus", diz a frase que quero tatuar um dia. Depois das nuvens, o sol. Se foram as nuvens pesadas na minha vida. ♥
Acho que isso é tudo.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Sempre estar lá

No pragmatismo da modernidade a gente nota que há uma exaltação daquelas amizades nas quais os amigos "podem ficar sem se falar por um bom tempo e a amizade continua a mesma, sem 'dramas desnecessários'". Não sei. Tenho minhas dúvidas. É óbvio que a certeza da perenidade de um relacionamento é algo legal, mas essa postura não parece desapegada demais? É necessário cuidar. É necessário se fazer presente. Assim os laços se fortalecem. Às vezes o que chamam de "drama desnecessário" é um pedido de socorro de quem antevê o afastamento. Às vezes a pessoa se desliga, não cuida, não quer nem saber, e acha que pedir atenção é fazer drama.
Enfim. Que é importante dar espaço ao outro e compreender a falta de tempo, é. Mas eu ainda dou muito valor à presença. Às brechas na correria da vida, à comunicação constante, ao cuidado, à confiança. Esse é meu modelo de amizade.

domingo, 27 de outubro de 2013

Maravilha estelar

Eu preciso te dizer algo. Me ouça. Eu agora sou uma estrela. Ou vou me tornar daqui a algum tempo. Não sei se estou no processo ou se já cheguei ao fim. Mas o fato é que me sinto plena, brilhante, viva, serena, em paz com minha luz e minha sombra. Cheia de graça.
Mas é preciso que você entenda que minha intenção não é ofuscar ninguém, não é ser maior que ninguém. Não pretendo me vangloriar do meu brilho, nem colocá-lo num pote de vidro. Quero apenas brilhar, sabe? Todo mundo pode brilhar. Cada um brilha do seu jeito e assim o céu vai ficando mais bonito.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Maneiras de me irritar:


  • Subestimar e deslegitimar a produção de cultura popular brasileira
  • Ter síndrome de vira-lata e achar que tudo que vem de fora é melhor
  • Reduzir gêneros musicais populares a "mera baixaria"
  • Não parar pra refletir sobre a reprodução de discursos opressores
  • Achar que a reprodução de discursos opressores é "mera piada"
  • Desmerecer o feminismo e demais lutas das minorias
  • Encarar uma crítica estrutural como uma crítica individual
  • Achar que todo o conhecimento do mundo só pode ser encontrado nos clássicos
  • Repetir discurso pré-formatado e dizer que é "só opinião"
  • Pertencer a um estereótipo e deslegitimar tudo aquilo que está fora dele
  • Achar que não existe música boa hoje em dia
  • Achar que só tinha música boa no século XX
  • Fazer análises parciais
  • Pôr a culpa de todos os problemas no governo do PT
  • Ser elitista e demonstrar medo de perder o privilégio
  • Não entender os traumas das pessoas
É, sou uma pessoa chata.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Apenas isso

Um trecho de música que resume minhas impressões a respeito desta semana e do futuro.

O que eu tô vibrando por viver
E ainda tenho tanto pra ver
Sentindo que tudo que eu já vi
É tanto e tão pouco
É como se eu pudesse arrancar uma máscara
E ver por um momento
Um clarão mais adiante por trás de uma cortina escura
(...)
Caminhando sem rumo, eu vou, eu posso ir
Eu me jogo, eu quero, eu vou
Quem sabe sem medo, eu ouço cada pegada
Não tem fim, isso não tem fim, só existem os meios
E eu posso ir, eu quero ir, posso escolher (...)
(Um Beijo No Escuro - Rebeca Matta)


domingo, 6 de outubro de 2013

Alvorada

Amanhã começa um novo período na minha vida. Uma nova rotina, um novo mundo de descobertas, no lugar que eu queria estar, fazendo o que eu queria fazer. Fico feliz. Me pergunto se me acostumarei com o horário que devo acordar, se o ônibus estará muito cheio, se as pessoas serão legais. Engraçado como, sempre que começa um novo ciclo, a gente se sente como no primeiro dia de aula da escola primária. Mas sei que tudo será doce. Não por causa do acaso, ou por causa de desejos de "outubro, que seja doce", e sim porque eu pretendo fazer com que seja. Que os jogos comecem.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Observações tortas

Sou feminista.
Meu feminismo é aquele dos pilares mais básicos: igualdade de direitos para homens e mulheres, fim da cultura do estupro, fim da educação machista que recebemos e que perpetua milhões de estereótipos aprisionadores. Há espaço também para certa interseccionalidade, dentro dos meus limites. Apoio a luta transfeminista, o feminismo negro, a luta LGBT, e sei que há necessidade da existência desses feminismos porque essas pessoas sofrem mais que eu. E sei que não posso falar por essas pessoas, porque de certa forma ainda sou privilegiada em relação a elas, como mulher cissexual, branca - na verdade parda, mas reconhecida pela sociedade como branca -, heterossexual e de classe média. Então vou sendo feminista do meu jeito, tentando aplicar os diversos conceitos na minha vida, pedindo que as pessoas respeitem aquelxs pelxs quais não posso falar.
A ideia é destruir o patriarcado, essa superestrutura opressora. Que prega que a mulher não pode ser livre, nem dona de seu corpo. Que inventa regras mil para a vida das mulheres. Que marginaliza quem não cabe nas caixas de gênero e sexualidade. Que hipersexualiza e discrimina a mulher negra. As diferentes vertentes do feminismo dedicam-se a esse combate de diversas formas. Uma delas é a tão incompreendida misandria: ódio à ideia de homem, à ideia de "macho" que legitima as opressões. Os menos entendidos a tacham de "femismo", o contrário de machismo; e consideram isso tão perigoso quanto o machismo. Ledo engano: o machismo é algo estrutural, a misandria é a reação do oprimido. Outra prática comum é a lesbiandade como posição política anti-patriarcado, bem como as relações livres em detrimento da monogamia.
Acho tudo isso válido, entendo as razões. Só me incomodo um pouco com a postura de algumas feministas em relação às práticas que citei no parágrafo anterior. Algumas pessoas agem como se você não pudesse ser feminista e monogâmica, ou feminista e hétero. Falam como se toda monogamia fosse opressora. Eu acredito numa ressignificação da monogamia, sem dominação e sem ciúme, sem ideia de "propriedade". Acredito que dizer que quem está num relacionamento monogâmico é necessariamente oprimido seja o mesmo erro de dizer que as mulheres islâmicas são oprimidas por cobrir o corpo. É uma limitação.
Mas sim, sou feminista. Com orgulho. E procuro aprender mais sobre, questionar meus privilégios e combater todos esses monstros que nos prendem, limitam e agridem. Não sei se consegui dizer claramente o que penso, mas acho que estou sendo coerente.

sábado, 28 de setembro de 2013

Eu passarinho

Bom, as asas que eram podadas diariamente já cresceram de novo.
Elas eram podadas com suas chantagens emocionais, seus dramas, suas torturas psicológicas e suas mentiras. Um corte a cada vez que você fingia ser o que não era. Menos um pedaço a cada vez que você se recusava a participar do meu mundo.
Cada pedacinho subtraído era recolhido por você para formar suas asas. Mas os pedaços usados já tinham caído no chão, estavam sujos. E foram mal costurados na construção da sua liberdade torta.
Como cansei de fornecer material para isso, quis ir embora e deixar que minhas asas crescessem do zero. E não é que elas renasceram mais lindas? Se antes tinham um tom de cinza, agora são uma mistura de arco-íris e furta-cor. E o mais importante: são muito mais fortes e suportam meus voos mais longos e mais altos. Posso ir para onde quiser. Posso ser o que quiser. E posso encontrar alguém que voe tão alto quanto eu, que possa estar ao meu lado e me deixar ser, sem podar minhas asas. Ao contrário.
E estou tão lá no alto que nada sei do que acontece por aí. Talvez de vez em quando ainda sinta a perda das minhas antigas asas, mas aí lembro que há um mundo enorme pela frente. Não vou mais pousar, nem voltar a voar no seu abismo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Transbordando aleatoriedades curtas

Eu transbordo quando ouço música. Transbordo e vibro diante de um trabalho bem feito. Principalmente quando escuto alguma coisa que a Elis gravou. E se for ao vivo, mais ainda. Minha paixão pela música - que não é pouca -, nesse caso, se mistura com o amor que sinto pela Elis.
E transbordo mais ainda quando faço música. Quando canto, quando dou palpite em arranjos, quando me faço ouvir. Ainda que seja num simples karaokê.
Pena que por enquanto só posso ouvir música.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Estrela solitária (poema)

Vejo que a minha hora
de entrar em cena se aproxima
Olho através das cortinas
e não encontro você na plateia
Triste vida de artista
abandonada no dia da estreia.

Por que essa decisão?
Ciúme do aplauso,
mero descaso
ou medo do meu brilho
invadir sua escuridão?

22.9.13

(baseado em fatos reais)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Equívocos

Acho graça de dois tipos de pessoa que se acham a nata da inteligência cultural. São os elitistas e os saudosistas.
Os primeiros insistem que cultura é somente aquilo que a elite ouve, lê e consome, que ritmos musicais e outras manifestações populares não fazem parte da cultura. Que pagode, arrocha e funk são coisas inferiores. Usam diversas justificativas furadas para isso, até mesmo a da "falta de qualidade" das manifestações analisadas, tentando esconder algo que é mera arrogância. Em resumo, eles não gostam porque é coisa de pobre, negro e/ou da favela. São esses mesmos que acham lindo quando uma manifestação cultural da periferia é "embranquecida" e "higienizada" pra agradar a eles. Ou a arrogância é tão grande que nem os permite gostar do que já foi descaracterizado em favor deles.
Já os saudosistas insistem que "música boa é a de antigamente". Sem critério algum. Tendem a romancear toda a música de outrora, inclusive aquilo que em sua época era considerado como lixo musical. Para eles, o pop de antigamente, não importa o quão vazio fosse, é melhor do que o de hoje. Para eles, nada da música de hoje presta. Uma generalização idiota, pois música comercial e música "trabalhada" sempre existiram, e isso pode ser notado numa análise mais criteriosa. A produção fonográfica, aliás, é um grande ciclo. As coisas são as mesmas há um bom tempo, mas ninguém para pra observar isso.
Eu até entraria na discussão sobre como esses dois grupos têm atitudes misóginas (de ódio à mulher) para legitimar seus pontos de vista sobre "música de pobre" e "música ruim de hoje", mas não estou a fim de construir uma argumentação profunda sobre isso. É só uma pequena observação sobre como eu não gosto dessas atitudes. Creio que a verdadeira inteligência esteja em admitir que tudo é cultura. O pagodão é cultura, o funk é cultura, a literatura de cordel é cultura. Você pode desgostar à vontade, mas não desqualifique enquanto cultura. E é sempre bom mergulhar sem medo em tudo o que foi produzido antigamente e notar que ABBA é tão pop comercial quanto Britney Spears.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Verborragia blue

Setembro, o turning point da minha vida. Finalmente passei no vestibular para a universidade que eu queria, para o curso que eu queria, e deixei o curso de Ciências Sociais na UNEB - que mais parecia uma tortura. Vou correndo buscar a glória, minha glória. Mas enquanto não chega o dia da matrícula, fico moscando em casa, saindo de vez em quando pra resolver alguns pequenos pepinos. O que é uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo. Boa porque eu fico ouvindo músicas mil, descobrindo novos álbuns e morrendo de amores por eles. Ruim porque eu sinto falta de fazer algo legal, e ouvir tanta música me dá saudade de cantar para um público. Ainda não posso fazê-lo, infelizmente. E também porque eu preciso ver gente. Me sinto meio que presa num mundo fechado, em introspecção um pouco forçada. Quero ver meus amigos, quero ouvir a voz deles, quero um abraço deles. Mas todos têm suas obrigações, como eu terei assim que as aulas começarem.
Então, a vida vai indo. E vou ficando com o que posso fazer no momento: ouvir música. E deixo aqui uma das músicas mais lindas, maravilhosas e perfeitas que descobri esses dias, que causa uma catarse em mim.


08 - Blue by 14 Bis on Grooveshark

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Meus dez álbuns favoritos


- Elis (1973) - Elis Regina
- Chiaroscuro - Pitty
- Abbey Road - The Beatles
- The Memory Of The Trees - Enya
- 14 Bis II - 14 Bis
- Agridoce - Agridoce
- Falso Brilhante - Elis Regina
- MM - Marisa Monte
- Cilibrinas do Éden - Rita Lee, Lúcia Turnbull e Tutti Frutti
- She's So Unusual - Cyndi Lauper

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Vinte e cinco fatos sobre Julli

1 - Amo música. Amo cantar. Gostaria muito de cantar profissionalmente. Quer dizer, não exatamente "profissionalmente", porque provavelmente isso implicaria em fazer determinadas concessões comerciais e eu correria o risco de perder ou diluir minha essência artística. Enfim, na verdade eu gostaria muito de poder fazer alguma coisa significativa na música.
2 - Piano é meu instrumento musical favorito e eu não vejo lá muita graça em violão.
3 - Escrevo historinhas, roteiros e poemas desde os sete anos. Embora os enredos fossem, em sua maioria, bobos, eu fico muito surpresa comigo mesma ao ler essas coisas atualmente. E todas as histórias tinham mulheres como protagonistas.
4 - Concluí um curso técnico em Impressão Offset e faço faculdade de Ciências Sociais. O que uma coisa tem a ver com a outra? Boa pergunta.
5 - Do ano passado pra cá passei a amar as músicas do Queen.
6 - Não aprendi a andar de bicicleta por medo de cair e ralar o joelho. Hoje me arrependo bastante, mas ainda há tempo pra tentar...
7 - Passei a infância lendo e assistindo Turma da Mônica, sempre quis ir ao parque da Mônica... e amo os gibis até hoje.
8 - Gosto muito de tecnologia. Principalmente em se tratando de celulares...
9 - Sou feminista declarada e gostaria muito que as pessoas entendessem o que realmente é isso.
10 - Fico indignada com certas caretices.
11 - Apaixonada pela Elis Regina. Fiz até um tumblr dedicado a ela. <3
12 - Aprendo letras de músicas rapidamente. Isso é bom ou ruim, dependendo do caso.
13 - Tenho um toca-discos muito bom que está subaproveitado.
14 - Quase zerei Silent Hill Origins, parei por falta de health drink na fase do teatro.
15 - A propósito, amo videogame (com preferência por jogos antigos).
16 - Sou agnóstica e não simpatizo muito com religiões em geral. Nada contra seus seguidores, desde que tenham bom senso.
17 - Eu detestava brincar de casinha e não sei fazer atividades domésticas.
18 - Amo demonstrar sentimentos e amo quando fazem o mesmo. Seja alegria ou tristeza.
19 - Detesto gente que se veste com uma armadura de ironia sem motivo.
20 - No meu celular tem de Chico Buarque a Pepeu Gomes.
21 - Não gosto de lavar o cabelo. Acho chatíssimo. Mas lavo. E não tenho paciência pra cuidar, pra fazer 2820276262 cronogramas
22 - Meu jogo favorito é Earthbound, um RPG urbano pouco conhecido dos anos 90.
23 - Elis Regina (muito amor, muito amor) e Freddie Mercury são minhas principais inspirações artísticas e musicais.
24 - Não tenho a menor habilidade pra cortar coisas: de papel a legumes.
25 - Eu adorava brincar sozinha quando criança.

Seriam 30, mas só consegui preencher 25. E faz meses que esse post tá aqui "em rascunho".




terça-feira, 6 de agosto de 2013

Biscoito do sistema

Isso. Assim mesmo. Do jeito que vocês foram ensinados a fazer. Pisem nas minorias. Chamem fetos e embriões de crianças. Sejam injustos com as mulheres. Finjam que são a favor da vida. Digam que não têm nada contra gays, e que só não os querem perto de vocês. Repitam tudo aquilo que te disseram, não pesquisem, não questionem, e digam que é só opinião. Que é tudo questão de opinião. Que o desrespeito é questão de opinião. Discurso de ódio? Que nada. Vocês são cidadãos de bem, amores de pessoas. Vocês são a favor da vida até que o bebê nasça, e viram a cara para a criança que mendiga na rua. Vocês dizem que bandido bom é bandido morto e se acham acima de tudo isso. Vocês pregam o amor e praticam a maldade. Foi assim que vocês foram ensinados.
Tomem aqui um biscoito. Sejam bons garotos. Espero que não se lembrem que tomarão uma rasteira, uma hora ou outra, do sistema que vocês ajudam a legitimar. Até porque as rasteiras e as apunhaladas pelas costas vivem se sucedendo, mas a máscara da hipocrisia se mantém. Não importa que você tenha sido obrigada a ter um filho, que você sacrificou seu futuro e seus sonhos, o que importa é que agora você cobriu tudo isso com a fantasia de "mãe guerreira" e se acha no direito de pisar em todas que querem abortar. Não importa se você se sente aprisionado num casamento, se sua vontade é amar outros homens, o que importa é a sua imagem como pessoa de bem. O que importa é que vocês são "felizes" assim. E são as maravilhas da sociedade, imbecis são aqueles que lutam contra a injustiça que vocês corroboram.
Tomem mais um biscoito e continuem dentro da caixa.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Daquilo que me dá nojo

Não gosto de ironias.
Não, não me refiro à figura de linguagem contida em textos literários, à ironia com propósito, à ironia que tem algum fundamento crítico e está ali para compor um conjunto.
A gente vive numa sociedade cínica e hipócrita. Todo mundo sabe disso. E nessa sociedade, uma das práticas mais comuns entre as pessoas é a aplicação deliberada da ironia. Ironia ácida, com um quê de lâmina cortante. Seu objetivo é exclusivamente ferir, humilhar, fornecer subterfúgios. É esse o grande problema: essas formas de ironia fazem com que as pessoas se escondam usando máscaras. Servem pra dizer "sou melhor que você, não estou nem aí pro que você fala, estou te pisando com o meu salto 15". Os adeptos dessa forma de ironia dizem que aqueles que não gostam simplesmente não a compreendem. "São burros". Mais demonstração de arrogância. "Isso é inveja".
Tenho cortado do meu círculo social quase todo mundo que usa desse recurso. Aqueles que não conseguem ser verdadeiros. Que estão com os pés dos dois lados da calçada, que só conseguem reagir por trás da máscara.
E não é por "ser burra e não entender". É por achar nojento, imbecil e ridículo mesmo.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Uma breve história de mim mesma

A menina meiga tinha um blog. A menina meiga era uma fofura. Todos a achavam uma fofura. Criativa, sentimental, apaixonada... Em seu blog ela escrevia mil coisas, e dentre essas coisas, se destacava o descontentamento com a "imoralidade" do mundo de hoje. Com as músicas que não prestam. Com essas meninas que só querem ficar com um e com outro, com a luxúria exagerada, com gente que não se respeita. Todos amavam ler isso, todos ficavam orgulhosos: "nossa, como ela é inteligente!", diziam eles. A menina meiga se sentia uma peça fora do quebra-cabeça, um ser humano em extinção. Assim ela atraiu dois rapazes, tão diferentes entre si, mas que no fundo pensavam a mesma coisa sobre essas "libertinagens".
Aí a menina meiga cresceu mais um pouco. Fez outros blogs, viveu outras experiências, conheceu outros pontos de vista. Percebeu que suas críticas eram infundadas, que ela não era tão inteligente e revolucionária agindo daquele jeito. Percebeu que estava na mesma situação das meninas que ela criticava, que havia algo maior oprimindo-as. Percebeu que tudo é cultura, que estava sendo prepotente e chovendo no molhado... "Muito fácil agradar as pessoas quando você tem os mesmos preconceitos que estão gravados na mente delas. Muito fácil ser tida como revolucionária quando você só repete de forma mais bonitinha aquilo que todo mundo pensa."
Eis que dali por diante ela se tornou realmente revolucionária, passou a questionar tudo o que a sociedade engessou como certo. Passou a defender o que superficialmente chamavam de imoralidade. Passou a lembrar as pessoas de que existe gente que não cabe nas caixas da sociedade. Passou a cutucar as feridas de todos, porque viu que era necessário fazê-lo.
E foi aí que ela se viu sendo realmente uma peça fora do quebra-cabeça.
E foi aí que ela deixou de ser a menina meiga.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Reticências

She says that long ago she knew someone,
but now he's gone, she doesn't need him.
Your day breaks, your mind aches,
There will be times when all the things she said will fill your head,
You won't forget her.
(For No One - The Beatles)

terça-feira, 23 de julho de 2013

Estante de bits e bytes

Estou montando uma biblioteca virtual. Motivo: os tempos andam meio difíceis para comprar livros, e eu não tenho muito espaço para acomodá-los no meu quarto. Fora a poeira que invariavelmente se acumularia em cima deles, pois sou muito desleixada. Então, comecei a caçar livros em pdf e epub por todos os cantos disponíveis. Acho que tenho quase trezentos livros, e espero ler pelo menos trinta até o fim do ano... Aí vocês, raros leitores do blog, me perguntam: o que temos a ver com isso? Bom, resolvi fazer esse post pra dizer o que entra e o que não entra na minha biblioteca virtual. Estava falando disso no twitter, mas o espaço lá é pouco e eu acabo floodando.
O que não entra
- Livros religiosos: sou agnóstica, né. Não faria o menor sentido.
- Livros de auto-ajuda: acho um tanto desnecessários e babacas. Aliás, ser escritor de auto-ajuda parece um trabalho bem fácil.
- Livros de ficção cujos enredos me parecem babacas de forma gritante: tudo aquilo que cai num clichê, tudo aquilo que é raso e já parece raso ao primeiro olhar.(*)
- Livros derivados de sagas famosas: o principal exemplo disso são os 239353754674 livros eróticos que surgiram pós-Cinquenta Tons de Cinza.
- Best-sellers água-com-açúcar: "A Culpa É Das Estrelas" e afins.
- Livros escritos por autores notoriamente reacionários: Jabor, Narloch, literatura reaça em geral.
- Livros de fantasia: não vejo a menor graça.
- Livros que reforçam preconceitos: auto-explicativo.

O que entra
- Livros feministas: claro, e nem poderia ser de outra forma. ♥
- Literatura brasileira: clássica e moderna, mas de preferência moderna. E se for ambientada historicamente, melhor ainda. De preferência na ditadura militar. Histórias de jovens independentes me atraem também.
- Livros clássicos da literatura mundial do século XX: Orwell, Bradbury, Huxley e afins.
- Livros com mulheres como protagonistas: Acho válido. E fugindo do clichê "mulher protagonista que só liga pra sapatos, homens, maquiagem e compras", por favor.
- Ficções do cotidiano: aquilo que pode acontecer com qualquer um...
- Livros teóricos de Ciências Sociais: de algumas coisas eu tinha que gostar nessa joça.
- Livros teóricos de Jornalismo: pra me acostumar com minha futura área.
- Livros que abordam a temática da modernidade: mídias sociais, incerteza, ambivalência, conexão... Menção honrosa para Zygmunt Bauman, autor que me parece interessante e que eu pretendo ler com afinco.
- Best-sellers de outrora com temática interessante: se encaixam em "ficções do cotidiano".
- Livros com temática LGBT: ainda são poucos, mas espero encontrar mais.
- Livros que discutem sexualidade: é sempre bom.


(*) - Admito que até tenho alguns que parecem babacas, mas são poucos. São só pra distrair a mente mesmo.

domingo, 21 de julho de 2013

Química das preferências gerais

Não me atrai a superficialidade. A necessidade de esconder sentimentos. A chamada "maturidade" contida nessa ação de não se permitir o riso e o choro. Não me atrai a prática de construir armaduras, de "curar um amor com outro", de substituir as pessoas como se substitui as coisas. Não me atrai a preguiça de pensar e questionar, a ideia de aceitar sossegado o que já estava escrito. Não me atraem os abraços vazios, os olhares de gelo. Não me atrai a síndrome da nostalgia, a maldita e distorcida ideia de que tudo era melhor antigamente. As pessoas esquecem que o fator "saudade" e as lembranças turvas romanceiam tudo. Não me atrai aquela visão moralista de que "hoje em dia tudo é baixaria", "hoje em dia essas mulheres engravidam muito cedo". Não me atrai a cegueira de conveniência.
Me atrai a profundidade, a arte de demonstrar o que se sente, de rir tudo que há pra rir e chorar tudo que há pra chorar. Se dar o direito de chorar, se dar tempo pra pensar. Me atrai aquilo que é sincero, a noção de que tem certas coisas que acontecem hoje como aconteceram há anos atrás; mas que ao mesmo tempo muitas coisas mudam. Me atrai a ausência de hipocrisia e de preconceitos...

sábado, 20 de julho de 2013

Joga essa porcaria fora

Com o advento dos gadgets - dispositivos tecnológicos portáteis e inteligentes -, surgiu uma grande concorrência entre as marcas para oferecer sempre o melhor produto da categoria. Os admiradores desse tipo de coisa alinharam-se ao lado que parecia mais promissor e passaram a defender com unhas e dentes sua preferência. E fez-se a luz, e com ela, os fanboys. Mas nem pretendo falar exatamente da briga de facções entre Android e iOS, e sim de um personagem muito comum entre esses fanboys: o mala tecnológico.
Não, o mala tecnológico que descreverei não é aquele que fica na mesa do bar, na reunião com os amigos, usando seu smartphone como se não houvesse amanhã. Falo daquele que acha que só os aparelhos mais caros prestam. Aquele que tem uma visão elitista do mercado de gadgets e, sem sequer se dispor a testar os dispositivos de baixo custo, já cospe em cima deles e pisa em quem pensa em comprar um.
Como sabemos, o fato de o Android ser um sistema aberto possibilitou o surgimento de uma infinidade de aparelhos equipados com o sistema, com as mais diversas especificações técnicas, atendendo a todas as gamas possíveis. Dentro desse contexto, surgem os tablets de baixo custo; inicialmente xing-lings mal-acabados, posteriormente produzidos por indústrias nacionais e com configurações aceitáveis.
Eis a situação. Uma pessoa comum, que raramente é hard user, que procura um dispositivo apenas para tarefas básicas e não pretende gastar muito com isso, procura informações sobre o aparelho em questão. Resolve fazer perguntas a pessoas mais "entendidas". Eis que a wild mala tecnológico appears com sua frase pronta: "mano, nada barato presta, compra o Galaxy Tab/iPad" (a escolha do aparelho depende do lado com o qual ele se alinhou). Já chega minando as esperanças da pessoa. Outra situação: a pessoa comprou um aparelho de baixo custo, e depois de um tempo ele quebrou. Algo normal, pois nem mesmo os aparelhos mais caros são campeões de resistência: uma queda errada na hora errada e no lugar errado, e já era. Então, a pessoa vai perguntar o que fazer com esse aparelho. O mala ressurge falando "joga essa porcaria fora e compra um Galaxy Tab/iPad".
Considero isso uma atitude bastante burra da parte desses fanboys. Nem todo mundo quer performance monstruosa, rodar jogos HD ou algo do tipo. Há pessoas que só querem um dispositivo pra tarefas básicas - ler, ver filmes, usar a internet - e que não engasgue na execução dessas tarefas. Creio que a maioria dos tablets de baixo custo à venda no mercado cumpra bem esse papel, porque já passamos da era dos Phaser Kinno com Android 2.2 que travavam só com Angry Birds. Não sei se a atitude do mala tecnológico é preguiça de ver além do nicho dos dispositivos high-end ou mera arrogância, mas seria uma boa ideia se ele se permitisse ficar surpreso com aquilo que os gadgets baratinhos podem fazer.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Um gosto de sol

Eu estou viva. Brilhante, flamejante, fulgurante. Espalhando purpurina e energia por todos os cantos. Acordei do meu sono profundo, da minha letargia, da minha vontade de me misturar aos lençóis e ao colchão. Tirei de mim o peso que forçava ombros e olhos para baixo. Não sei como aconteceu, talvez eu esteja cometendo um grande pecado tanto ao me sentir assim quanto ao afirmar isso. Estamos num mundo no qual a intensidade é quase um pecado.
Enfim, o fato é que um dia eu acordei, olhei a vida e me espantei. Me olhei no espelho e senti falta da energia que tinha se perdido, das cores que sempre me acompanharam. A sensação de impotência e a falta de perspectivas me roubaram todas as nuances, me deixando em tons de cinza levemente tingidos de sol. Do sol que eu pegava todos os dias na ida e na volta, no caminho que eu seguia para cumprir uma das minhas obrigações não muito interessantes.
Olhei meu reflexo no espelho e deu-se uma espécie de revolução silenciosa. Vontade de estar em contato com tudo que eu deixei pra trás na rotina chata. De rever e re-ter tudo aquilo que tem significado pra mim: o riso, a música que me toca, o ídolo que me inspira, a loucura. A decisão de brilhar, brilhar, acontecer, brilhar, onde quer que eu esteja, ainda que a tarefa a ser cumprida seja uma das piores. Dar o melhor de mim. Criar, dizer tudo que eu tenho a dizer, ser eu mesma. Pôr em prática as coisas que todo mundo julga como "perda de tempo", mas que parecem importantes pra mim.
Mas a parte mais louca dessa revolução se deu no dia que eu vi a minha imagem refletida e pensei "sua linda". Passei a me amar. Sentada no ônibus, vendo a mim mesma no espelhinho côncavo, com o cabelo preso para trás - penteado que eu nunca gostei de usar -, me achei bonita. Agora me sinto poderosa, pronta para encarar o mundo inteiro e sem me preocupar tanto com pequenas questões de auto-estima. Também parei de me preocupar com minha eventual solidão. Há tanta vida lá fora, há tantas mil possibilidades, por que eu vou pensar numa parte tão pequena do jogo da vida que é essa de estar acompanhada por alguém?
Se isso é só uma fase, eu não sei. Tenho só uma certeza: não se trata de um sorriso amarelo, e sim de uma grande gargalhada. Daquelas de deixar a barriga doendo e os olhos lacrimejando de felicidade.

"Alguma alegria é fundamental. E preciso fé, esperança, passar um brilho no olho e ir engatinhando para, em termos de sensação, redescobrir a vida, descobrir o sabor da festa".
(Elis Regina)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Satirizando a fofura (e a submissão)

Você é meu e eu não te divido com ninguém. Eu sou sua, realizarei todos os seus desejos, te darei o céu, o mar, o infinito. Ou esperarei que você me dê tudo isso, porque mulher não toma iniciativa. Imagina só, vou ser igual a essas vadias? Não mesmo! Me guardei esse tempo todo até encontrar alguém que valesse a pena, e agora sei que estou com a pessoa certa. Há um mundo de arco-íris à frente, uma piscina de açúcar para nós dois!
Meu coração dispara, há um nó na minha garganta, você me enfeitiçou por inteiro e sinto que devo me entregar a você. E só a você. Não saberei lidar com a hipótese de te perder. Acho que eu morro, ou mato quem estiver no meu lugar. Ou te mato. Parece doentio, mas é só amor, não leve a mal! Pode fazer o mesmo comigo, até porque eu sei que a probabilidade disso acontecer é bem pequenininha. Você morreria por mim, eu por você. Romeu e Julieta. Somos um casal perfeito.
Dizem que você não me deixa viver. Dizem que você me pressiona. Dizem que você segue todos os meus passos, que você não tem noção, que você é perigoso. Do nosso amor a gente sabe, o nome disso é carinho e atenção! Dizem que você é muito ciumento, eu chamo isso de cuidado. O que importa é que quando eu estou com você me sinto feliz. Me sinto melhor que todas as minhas amigas solteiras. Acho tudo lindo e fofo.
Pode deixar, querido, eu vou pra sua casa hoje. Eu tenho medo de tentar isso, mas o amor é mais forte que tudo, maior até do que a dor que eu posso sentir. E essa dor não pode ser mais forte do que a dor de te perder porque eu não quis te satisfazer. Afinal, meu corpo te pertence. E voaremos juntos pelo infinito...


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Alfinetada de observação #1

Elis Regina, tida por grande parte do público e da crítica como a maior cantora do Brasil de todos os tempos, falecida há trinta e um anos, deixou três herdeiros. Entre eles, Maria Rita, única mulher, filha caçula. Eis que Maria Rita cresce, torna-se cantora e as comparações com a mãe são inevitáveis. Surge, naturalmente, um exército de fãs: tanto os órfãos da Elis quanto a juventude que quer ouvir algo além de pop enlatado.
Também naturalmente surge uma corrente contrária. Uma corrente que considera que Maria Rita não merece muita atenção, que não é nem a metade do que a mãe foi, que é medíocre e plástica. Essa corrente, formada em sua maioria por fãs da Elis, possui certo conhecimento de causa para afirmar isso. Questão de gosto, normal. Alguns que apenas implicam com a herdeira se juntam a essa corrente para engrossar o coro.
O grande problema está na reação dos fãs da Maria. Às vezes eles enxergam as críticas ao seu ídolo de forma esdrúxula e limitada. Chegam ao cúmulo de afirmar que isso é por medo que a mãe perca seu lugar na música para filha: argumento furado em tantos níveis que eu nem sei por onde começar. Por não conseguirem lidar bem com críticas, por acharem que tudo é implicância de meros saudosistas, partem para esse tipo de argumento. Pois eu digo: não é bem assim.
Digo com propriedade, estando do lado dos que não acham a Maria Rita grande coisa e sendo fã da Elis: não se trata de medo, nem de mera implicância. Eu e muitos outros fãs da Elis consideramos a Maria uma cantora fraca em vários aspectos. Por isso a criticamos como criticamos qualquer outra. Os fãs da Maria que insistem na ideia de que é "mero recalque", pelo contrário, parecem bastante inseguros do talento da sua diva. Seria imaturidade ou um medo lá no fundo das críticas serem verdadeiras?
Aos fãs da Maria Rita, só digo uma coisa: tenham perspectivas mais realistas. Para mais ou para menos. E se forem se exaltar e entrar no debate, procurem argumentos coerentes.

domingo, 14 de julho de 2013

Oito, oitenta, oitenta e oito

Todos sentem amargura, dor, tristeza, ódio. Todos se sentem aprisionados dentro de si mesmos em algum momento. Todos sentem vontade de voar pra longe, seja fisicamente ou mental mente. Todos são irmãos nos sofrimentos adormecidos que despertam nas horas inoportunas. A insatisfação é geral, é humana, é um sintoma social da modernidade. Para fugir de tudo, cada um tem a sua droga: da televisão até a cocaína. Alguns se libertam da dor, outros dependem do que atenua o sofrimento, outros são mortos pelo seu artifício de refúgio.
A única coisa que muda é a forma que cada um é julgado por tentar acalmar a própria dor. Suicidas são fracos, viciados em comida não são saudáveis, ricos que morrem de overdose são "pressionados pela fama", pobres que morrem de overdose "sustentam o tráfico", viciados em televisão são desocupados... Tenhamos um pouco mais de empatia e lembremos dos nossos momentos de sombra antes de aplicar essa moral torta.

Todo mundo tem segredo
Que não conta nem pra si mesmo
Todo mundo tem receio
Do que vê diante do espelho

Todo mundo tem desejo
Que não divide nem com o travesseiro
Um remédio pra amargura
Ou as drogas que vêm com bula
(Pitty)


sábado, 13 de julho de 2013

Lira do abandono

Preferiu a boemia
à calmaria satisfatória
de um amor maduro
preferiu a agitação sombria
ao refúgio mais seguro
preferiu a vida vazia
preferiu ficar sobre o muro
andando pelas noites frias
e pelos becos mais escuros
preferiu se achar livre
mal sabe, porém
que o caminho é duro.

18/3/13

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Química das preferências artísticas

Não me atrai a arte pragmática. O "aqui-e-agora". O descartável. Os álbuns de música que são desconsiderados em função de um ou dois singles que fazem sucesso na mídia. Não me atrai a mera música de fundo para conversas e ações paralelas. Não me atrai a arte insossa. A fofura "via Embratel". A fórmula pré-formatada, seja pra roqueira desvairada ou pra voz pequena e agradável. Aquilo que agrada facilmente me soa falso. Não me atrai a arte pseudo-despretensiosa, esvaziada, "esvaziável", rasa, travestida de profunda e inovadora. Não me atrai o conservadorismo travestido de subversão.
Nada disso me atrai. Na verdade, certas coisas citadas acima chegam a me enojar.
A intensidade, a verdade, as coisas densas, o grito de "não", o canto para fora, a diferença, a loucura individual, o "não se dobrar", a originalidade, a música pra sentar e parar pra ouvir... Isso sim me atrai, e muito. E é por isso que eu vivo. E é isso que eu quero fazer.
E não é porque todas aquelas coisas não me atraem que eu quero que elas deixem de existir. Ou que quem as faz deixe de existir. Elas simplesmente não me atraem.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Máscaras e bicicletas

I
- Desculpa, menina. Eu sei que você queria que eu consertasse a bicicleta. Eu juro que tentei. Levei-a num mecânico e tudo. Mas não deu, ele disse que não tinha jeito... Agora, mais desculpas, por favor, eu te suplico. Achei que seria melhor ficar com a bicicleta pra mim. Eu me encaixo muito melhor com ela.
- Mas... Mas...
- Promete que não vai ficar chateada?
- ...

II
A bicicleta me leva aonde eu quero ir. Mas só me leva quando quer. Me machuca a maior parte do tempo, a corrente prende no meu pé e o selim me incomoda quando eu sento. Eu sofro. Por que eu fui me apegar a ela?

terça-feira, 2 de julho de 2013

Abóbora vermelha lacrimejante

Vendo minha vida passar com um pacote de biscoito de chocolate na mão e lágrimas nos olhos. Eu não pertenço a este lugar. Eu cansei de fazer coisas que não me representam. Eu não sou esse curso na universidade pública no qual fui coagida a me matricular. Ao mesmo tempo não quero me jogar naquilo que chamam de vida de quem quer subir na vida. Queria meu sonho, queria suporte. Máquina do tempo. Um punhal me atravessa por dentro. Fracasso? Procura-se luz no fim do túnel, mamãe, posso ir? Me sinto apenas sentada numa cadeira, no meio do mundo, o mundo acontecendo à minha volta e eu me perguntando qual a minha função nisso tudo. Life could be easier. Acho que estou doente.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O marasmo da vida

Tudo plano. Sem grandes alterações de relevo. Embora eu não goste muito de mudanças, confesso que estou um tanto entediada. Sinto que estou flutuando nesse mundo. Isso há de mudar no segundo semestre, se acontecerem as coisas que estou pensando. Planejo começar a ler mais, ficar menos no computador, aproveitar meu tempo com alguma coisa. Talvez cuidar melhor do cabelo. Por enquanto fica só o olhar eterno para o teto, contando as manchinhas de mofo.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Abobrinha de cura

Tanta briga, tanta insatisfação, tanta tristeza, tanto tempo. Tudo passou. Ou não. Ainda tem uma lembrança latente que acorda de vez em quando e causa dor moderada. Nada sei. Se não fosse a lembrança, seria como se eu nunca tivesse vivido tudo aquilo. Tudo parece distante, e é melhor que fique assim. Nada sei de como estão as coisas do outro lado, prefiro não saber e não ver. Aguardo apenas a nova manhã. Não tenho hora pra morrer, por isso sonho, rio e tento dar passos à frente. Para que na minha caminhada eu encontre uma cura definitiva para a dorzinha que dá e passa.

"O passado é uma roupa que não nos serve mais".

domingo, 26 de maio de 2013

Carta ao ídolo maior.

Hoje eu estou naquelas de lembrar de você. Naquelas de sentir saudade, de me orgulhar, de sentir que os olhos estão brilhando de emoção, de ouvir sua voz, de me encantar. Estou sentindo um arrepio percorrer meu corpo só de te ouvir cantar certas canções. E as lágrimas não se furtam a escorrer em determinados momentos... Eu sinto, minha cara. Eu sinto, basicamente. E sinto intensamente tudo isso. Já faz seis anos que você habita minha vida e meus pensamentos, de forma quase que onipresente, quando se fala de inspiração. Mesmo que eu tenha me inspirado em outras pessoas e tenha tido outros amores de qualquer espécie, você é sempre o meu espelho.
Podem passar os anos, podem surgir outros timbres e outros risos, mas você sempre estará lá. Na arte e na vida. E todos sabem disso, todos sabem da sua importância, para mim e para esse país tão carente e tão sedento de consciência, verdade, loucura, lucidez e talento. Ainda que eu não tenha te visto, que eu não tenha te conhecido e que não tenha vivido no seu tempo, eu te admiro profundamente. Ainda que você não mais exista fisicamente, eu sinto sua presença. Ainda que me chamem de louca, eu te amo. Afinal, levo como um ensinamento de vida algo que você mesma disse (além de milhões de outras frases igualmente tomadas como lemas): "viver é ótimo e loucura é fundamental". Cada um de nós tem sua própria loucura, não é?
Você sempre vai ser a voz do meu mundo, baixinha. Muito obrigada por ter existido.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Abobrinhazinha

"Você é muito séria, Juliana."
"Você é muito utópica, Juliana."
"Você é muito chata, Juliana".
Sim, e com orgulho.

sábado, 18 de maio de 2013

Mais uma vez, mais de uma vez

Aquela velha prisão. O medo de falar algo, o medo das consequências. A pressão enorme dentro de mim pra falar, uma mão me segurando com toda a força e dizendo "não faça isso". Mesmo quando tudo indica que terei sucesso, o medo me prende e a bruxa me assombra. E vem a tristeza por mais uma vez não ter conseguido, a tristeza pela timidez. Não sei brincar disso.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Nada a ver: um review de algo bem diferente.

Ou: as peripécias de Julli no mundo da instalação de ROMs em seu celular Android.
Hoje me pus a experimentar o Android 4.0, Ice Cream Sandwich, em meu celular (Sony Ericsson Live With Walkman). Sempre li internet afora que era uma atualização problemática para o aparelho, que tinha alguns bugs, que tinha coisas malfeitas, e isso me deu certo medo de instalar logo de cara. Mais tarde descobri outras questões relacionadas: havia duas compilações (a .431 e a .587), e uma era mais problemática que a outra; as pessoas que reclamavam dos problemas da atualização tinham instalado pelo programa proprietário da Sony e não tinham feito root no aparelho para eliminar os programas indesejados; havia formas de solucionar os problemas usando de conhecimento de desenvolvedor.
Passei um tempo sem ligar pra isso. Até que entrei num grupo sobre o aparelho, no Facebook, em espanhol. Lá as pessoas debatem, mostram suas modificações, dão sugestões... A curiosidade surgiu, e com ela a pulga atrás da orelha. Vi que havia um jeito certo de instalar o ICS no meu celular, sem ter tantos problemas. Orientada pelas pessoas do grupo, dediquei a minha tarde de hoje a atualizar o celular e tentar ver se era esse monstro todo que diziam. E assim o fiz. Planejava passar uma semana com ele.
Aí é que vem a novidade: não aguentei nem cinco horas. Achei tudo muito esquisito. É na versão anterior, Gingerbread, que meu celular mostra todo o seu poder. Ouvi dizer que o ICS era lento: não é lento. Mas me parece no mínimo esquisito, desengonçado, parece não encaixar direito no aparelho. É inegável que a aparência muda pra melhor, e que o celular fica usável. Mas é muito diferente. Como se o Gingerbread escorregasse sem medo num tobogã e o ICS ficasse se segurando nas paredes.
Então resolvi voltar ao meu bom e velho Gingerbread que vai continuar tendo certo suporte por mais um tempo, graças aos donos de celulares "populares". Caso seja estritamente necessário, caso o suporte ao GB suma, volto ao ICS daqui a alguns meses já com todas as armas para domá-lo e usá-lo da forma mais proveitosa possível. O problema é eu me acostumar... porque tá difícil.
Em resumo: o ICS não é esse monstro todo, mas também não é maravilhoso. Não pra mim.

Este post se refere ao ICS liberado para o Sony Ericsson Live With Walkman, e não a todas as compilações do sistema no geral.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Dois lados, né.

Você tem dois pés e acha super legal ficar com um de cada lado da calçada. De vez em quando você vai para um lado, resolve ser gentil, amigável, atrai minha atenção e eu te dou abertura. Usa fofura como isca e me mostra aquelas que no fundo eu sei que são suas reais intenções. Basta eu virar as costas, porém, e você pula para o outro lado da calçada, ri da minha cara, diz que eu sou apenas uma pobre menina querendo atenção. Não é um pouco contraditório fazer as coisas desse jeito? Por que a necessidade de usar tantas máscaras, de ter tantas amarras e pretensões? É tão difícil assim ser claro e se decidir por um lado?

domingo, 28 de abril de 2013

Mini verborragia do amor pelos amigos

Quando enfim há uma brecha nas agendas cheias... quando a vida de adulto dá espaço para respirar... Os amigos se encontram e as melhores coisas do mundo acontecem. Tive um dos melhores finais de semana com duas das pessoas que mais amo nesse mundo. Pude reafirmar a importância da amizade, pude lembrar que existem laços fortes e verdadeiros nesse momento de falsos brilhantes e coisas que se desmancham no ar. É no meio da trollagem, dos risos, da loucura, das confidências, das lágrimas, que nós nos entendemos. ♥

domingo, 21 de abril de 2013

Placebo

Eu particularmente não entendo uma mania que muita gente tem de terminar um namoro e já partir pra outro.  Isso tudo é medo de sofrer? Considero isso a representação mais clara do pragmatismo pseudo-racional da atualidade. Sofrer, sentir, se entristecer, pra quê? Coisa do passado, perda de tempo. O que importa mesmo é tentar pôr um curativo (placebo) em cima da ferida do final recente. Não importa que você diga que ama seu novo parceiro e à noite chore pelo que foi embora: o que importa é mostrar pro mundo que você não sofre. O que importa é manter a máscara do sorriso pra não parecer fraco. Acho isso deprimente...

sábado, 20 de abril de 2013

A bruxa que assombra a menina-mulher azul

E eu continuo acreditando. Continuo esperando das pessoas aquilo que elas não podem ou não querem dar. Continuo achando que há uma esperança, que o mundo pode ser diferente, que podem encontrar brechas no meio da agenda corrida. Continuo pensando que as pessoas não devem ser tão idiotas assim, que estão sendo apenas guiadas pela mentalidade comum. Continuo quebrando a cara, mas por que eu não desisto? Não sei. Acho que é por culpa da minha criança interior. Aquela que acha importante acreditar no que há de bom no mundo. Não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver: não quero viver caçando um espaço pra respirar, não quero adiar o que deveria ser importante, não quero priorizar coisas descartáveis, não quero medir a vida dos outros com a minha régua, não quero ser injusta. E não posso, realmente não posso aceitar sossegada qualquer sacanagem ser coisa normal. Chega uma hora que a gente cansa de engolir em seco... Mas a gente cansa, chora, esperneia e depois tem que tentar lidar com isso tudo de novo. Com a indiferença, com a ignorância, com a arrogância, com o prazer em humilhar. Isso é ser adulto, pelo que dizem.

"O solidário não quer solidão".
Que a menina me dê a mão agora que a tristeza me alcança.

sábado, 30 de março de 2013

Anel de latão

Estou vendo uma pessoa com um bonito anel prateado e pedrinhas preciosas. Reparo que esse anel foi meu há algum tempo. Era único, exclusivo, não era fabricado em série. A pessoa deve ter encontrado no chão, no mesmo lugar onde eu deixei cair. Ou joguei. Não sei ao certo até hoje. Sinto um pouco de saudade do anel nessa situação, mas aí eu lembro que ele não era tão bom assim. Ele me dava alergias de pele, suas pedras não são de verdade, seu material é o mais pobre possível. Não era nada do que parecia ser. Aí deixo de sentir falta e penso que um dia o(a) novo(a) dono(a) do anel pode acabar se decepcionando com ele tanto quanto eu me decepcionei. "Ah, isso é inveja", podem dizer. Mas eu sei que no fundo eu tenho razão. Afinal, eu conheço de perto esse anel.

sábado, 23 de março de 2013

Anúncio no jornal

Você acredita na igualdade entre homens e mulheres e repudia piadas preconceituosas?
Você é uma pessoa madura, quieta e não muito dada a baladas loucas e beber até o outro dia?
Você é uma pessoa compreensiva, sincera, leal e carinhosa? 
Estamos aí. :)

sexta-feira, 22 de março de 2013

Um desabafo de uma feminista exausta.


Pensar que eu tô vivendo num mundo no qual a mulher é tida como inferior a ponto de não merecer respeito apenas por ser humana. Pensar que eu tô vivendo num mundo no qual gays são considerados anomalias. Que eu vivo num mundo de merda no qual, mesmo que eu use todos os contraceptivos possíveis, pode ser que eu engravide e seja OBRIGADA a ter o filho. "Ah, não se cuidou, vai ter que criar a criança". Não importa que esse filho bagunce toda a minha vida, os planos e objetivos da mulher não importam. Importa só a vida do bebê - até que ele nasça, que fique bem claro, porque depois ninguém tá nem aí se ele vai ser bem criado.
Eu vivo num mundo no qual as pessoas acham mesmo que saia curta e foto sensual na internet são motivos para ser estuprada. No qual os homens são criados como trogloditas, que precisam de sexo pra aliviar os instintos, sem o uso da razão. No qual não há amor ao próximo, não há consideração com a vida do próximo DE VERDADE, e sim uma moral torta que acha que alguns simplesmente merecem sofrer. No qual gays são espancados por serem gays, mulheres são tratadas como objeto e a voz que reclama contra isso é esmagada com gritos de "ah, os oprimidos somos nós". Os opressores se acham os oprimidos porque eles não sabem o que nós sofremos. É muita cara de pau.
Eu vivo num mundo cheio de absurdos. E embora eu saiba que ainda há a esperança de mudança, no momento, em mim, essa esperança está em cinzas. Estou profundamente triste e revoltada com tudo isso, pode ser que eu demore a sentir vontade de ir em frente. Só quero que alguém me entenda e me diga que eu não estou sozinha.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

let go

Estou bem. Mas não é aquele "estou bem" que a gente responde pra encurtar a conversa quando puxam assunto no chat do facebook e a gente não quer dizer o que sente de verdade. Estou bem mesmo. E isso se deve principalmente ao ato de repensar minhas ideias, meus sentimentos, minhas ações. Me sinto estável, consigo controlar os pensamentos que podem induzir ao erro. "Mas Juliana, você não defende os sentimentos? Como pode estar agindo desse jeito?" Eu não deixei de sentir. Só não estou mais deixando que os sentimentos me destruam. (Falando desse jeito, pareço até com um grande amigo meu...) E estou destruindo todo e qualquer pensamento que possa me deixar mal. Agora essas coisas já nem passam pela minha cabeça. :)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Dissimular (poema)

Melodramas
Insana angústia inebriante
Viver ao redor de falsos brilhantes
Sendo uma pedra de raro valor
Fascinante
Essa existência perigosa
Onde é tão audaciosa
A vontade de apenas ser
Parecer
Superfície sem conteúdo
É o que parece ser tudo
Nesse mundo que achamos conhecer.

9 jan. 2011

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Arco-íris

Seria errado eu desejar o sol
Quando me acomodei à chuva
Seria errado eu acreditar no sol
Sabendo no fundo que ainda há chuva
Quando eu não quero ver o sol
E fico desejando a chuva
E tenho medo da chuva
E fico no mormaço.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Playlistzinha: músicas difíceis de cantar

Se eu parar pra cantar essas músicas (que eu amo de paixão), é certo que vai ser difícil.
(preguiça de colocar os links...)

- Velho Arvoredo - Elis Regina
- Sapato Velho - Roupa Nova
- Bolero de Satã - Elis Regina
- Don't Stop Me Now - Queen
- Somebody To Love - Queen

Verborragia muito louca

Às vezes a gente se dedica e as pessoas não retribuem. Ou retribuem à maneira delas. Esses casos são complicados porque nem sempre a gente vem com decodificador de maneiras peculiares de retribuir. Nem sempre a gente percebe as demonstrações de afeto e preocupação que estão nas entrelinhas. Às vezes a gente cansa do mundo, da vida, dessa chatice de ter que se dobrar pelos outros, de ter que ceder. A gente pode ter a impressão de que ninguém cede nada por nós... E pode ser verdade ou não. A vida é muito relativa, essa é a verdade. Relativas também são as ações e ideias das pessoas, pois nem tudo cabe em caixas predeterminadas com rótulos. As pessoas principalmente não cabem nessas caixas. E isso é especialmente importante naquelas vezes que se tenta definir o que é um "homem de verdade", o que é uma "mulher de verdade", se tal mulher é "piriguete" ou "santa", se tal homem é "tapado" ou "galinha", se uma pessoa é gay ou lésbica só por agir de determinado jeito, se alguém é louco por misturar estampas de bolinhas com flores... Todos devem ser do jeito que querem ser. Devemos ser livres para fazer nossas escolhas sem medo. Sem esquecer, porém, da responsabilidade que cada escolha traz. Mas não se deve lembrar da responsabilidade como um peso negativo capaz de te fazer querer continuar preso, e sim como um fator de decisão. Sei lá, mil loucuras.
"Bom, a vida vai bem, obrigada". (COSTA, Elis Regina Carvalho. 1976) Não tanto quanto eu gostaria, mas vai bem. Estou acompanhada de pessoas que me dão atenção e me compreendem o máximo que podem. Ando me estressando com umas coisas, talvez seja uma fase de transição, sei lá. Estive lendo meus tweets de 2011 e percebi que de lá pra cá pouca coisa mudou. Só deixei de ser machista e passei a pensar de outra forma em relação a várias coisas, mas continuo sentindo igual. Continuo sentindo falta da arte, continuo amando tecnologia móvel (embora tenha mudado meu sistema operacional favorito de Symbian para Android), continuo amando a Elis e me entusiasmando com mil coisas. Só espero que a mini tempestade tenha seu fim.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Playlist: videogame music

Canções de trilhas sonoras de videogames. Canções que são lindas, peculiares e/ou atraentes de alguma forma. Canções que me cativaram e que podem mudar a opinião de quem acha que música de videogame não presta. Eu nunca acreditei nisso, mas nunca se sabe...
(Ordem: Nome da música - Jogo ao qual ela pertence)
A partir desse post, as playlists terão links para as músicas no Youtube.

Because I Love You - Earthbound (SNES)
Lavender Town - Pokémon Red/Blue/Yellow (GB) (muitos acham que ela dá medo, eu a adoro)
Wisdom Of The World - Mother/Earthbound Zero (NES)
Dark World - The Legend Of Zelda: A Link To The Past (SNES)
Marble Zone - Sonic The Hedgehog (Mega Drive)
Threed, Free At Last - Earthbound (SNES)
Intro - Super Mario Bros. The Lost Levels (SNES)
Great Fairy Fountain - The Legend Of Zelda: A Link To The Past (SNES)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Playlist de infância


Músicas que me lembram minha infância. Músicas que marcaram essa época da minha vida com caneta permanente... Que tocavam no rádio, que estavam em CDs daqui de casa. Uma playlist eclética, uma amostra do quão diversas passariam a ser minhas bases musicais.

Caixa de Bombom - Penélope
Brincar de Viver - Maria Bethânia
Just Wave Hello - Charlotte Church
The Key The Secret - Urban Cookie Collective
I'll Fly With You - Gigi D'Agostino
Reconvexo - Maria Bethânia
Borboleta - Marisa Monte
A Mentira - Rebeca Matta
A Lua - MPB-4
Aquarela - Toquinho
Lanterna dos Afogados - Paralamas do Sucesso
Only If - Enya
Babooshka - Kate Bush

Frases que me tiram do sério:

- Mas ele é homem.
- Mas você é mulher.
- Ouça no fone de ouvido.
- Fica aí vendo essas coisas no Facebook e nem sabe do que se trata.
- É só uma piada.
- Esses gays fazem tudo pra aparecer.
- Tira essa música chata daí.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

"...just trying to get it right..."

"Tem uma música que sempre que eu ouço eu me lembro de você." Foram essas as palavras que você disse naquela tarde dos tempos que havia tanta gente ao redor, mas o mundo era só nós dois. Escutei a música, achei ótima. Associá-la com a sua pessoa tornou-se inevitável, e a letra dizia tudo que estávamos vivendo, ainda que numa adaptação coerente. Vejam só, a música fala de uma crise, e nossa história ainda estava na primeira página! Eis por quê: "Vá devagar e tudo vai ficar bem, só precisamos de um pouco de paciência". Àquela altura, ainda estávamos escrevendo temerosos as primeiras linhas, dando um passo de cada vez, sem saber o que poderia vir. Apropriado. Pouco depois tudo ficou mais claro e tranquilo. "Houve um tempo no qual eu estava insegura, mas você me fez ficar a fim. Não há dúvida, você está em meu coração agora".
Ironicamente nossa história acabou por fazermos o contrário do que a nossa música dizia. Por não termos cuidado, por não termos paciência, por não termos mais esperança. Por eu ter visto as páginas da nossa história rasgadas e jogadas no chão. A canção poderia ser levada literalmente agora, tomada no sentido da recuperação da crise. Mas não foi. Não havia por que acreditar.
E o que restou foi só a lembrança amarrada à música.


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A rosa

Você se destruiu nessa vida incerta.
Você destruiu a rosa que estava certa de não despetalar.
Você se destruiu mais ainda ao tocar nos espinhos dela.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Entreouvido

Eu aprendi a lidar com a muralha que ela traz ao redor de si. Uma muralha de razão. Mas ainda não sei lidar com as suas reações confusas, com o seu aparente desinteresse. Seria tão legal se ela me ouvisse, entendesse minha carência, me fizesse sentir capaz, se dedicasse do mesmo jeito que eu me dedico a ela... "Pessoas são diferentes". Eu sei. Mas um pouco de ajuste não é nada mau.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Meninas de 12 anos descobrindo o mundo...

...e você sendo babaca :)


Um dos "memes" modernos que pipocam por aqui e por ali no facebook é aquele que diz "meninas de 12 anos chorando por amor e eu ainda nem sei fazer tal coisa". Mudam algumas palavras, mas a estrutura é a mesma. O subtexto é "oh, essas meninas são umas vadias, o mundo está perdido, eu sou tão ingênuo e elas sabem mais que eu". Esse negócio me incomoda profundamente. Pra começar, só se fala das meninas. Raramente são postadas imagens que citem meninos, ou crianças no geral. Segundo, há uma ideia - errônea - de que meninas de 12 anos não deveriam se apaixonar, descobrir a vida, sofrer por amor, porque são apenas crianças. E que aqueles que compartilham essas postagens são "melhores" por serem mais ingênuos que elas, ou porque aos 12 anos não faziam tais coisas citadas.
O meu recado é: deixemos de hipocrisia. 12 anos é a idade-limiar entre a infância e a adolescência, época na qual se experimenta muita coisa. Meninas e meninos sentem atração física, se apaixonam, fazem descobertas, quebram a cara... Não se deve considerar isso como uma coisa errada, na minha opinião. Aos doze anos de idade eu me apaixonei e sofri por amor. Normalíssimo. O problema não está nas crianças de 12 anos que se apaixonam, está na hipocrisia e no falso moralismo de pessoas que compartilham essas coisas. E se você acha legal exaltar essa sua pseudo-ingenuidade, só lamento por você.

P.S.: Outro dia li um tweet "meninas de 17 anos chorando por amor" e blablablá. Me senti ofendida, sinceramente. Esse povo esqueceu que teve 17 anos. É muita babaquice na internet. 
P.S. 2: Sim, eu tenho 17.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Crianças coloridas

Se eu tiver filhos, eles com certeza serão educados de maneira bem diferente. Pra começar, comprarei roupas multicoloridas pra eles, já fugindo do "azul para meninos e rosa para meninas". Eles não terão quartos estereotipados segundo essas regras de cor também. Seus brinquedos não seguirão as convenções de gênero. Aliás, planejo um quarto de brinquedos pra eles, um quarto cheio de possibilidades. Bonecas, carrinhos, bolas, quebra-cabeças, lego, forninhos, brinquedos educativos, panelinhas de cozinha, bonecos, todos os brinquedos possíveis. Uso livre. Sem essa de "brinquedo de menino e de menina": poderão brincar do que quiserem, sem qualquer discriminação. Tentarei ensiná-los desde cedo que eles podem ser mais do que o que a sociedade espera deles, que eles não precisam reproduzir modelos errôneos de comportamento para viver. Que a menina não precisa ser dócil e meiga. Que o menino não precisa ser agressivo e "elétrico". Que os dois poderão brincar na rua ou em casa, se quiserem. E que eles podem abraçar o mundo, se quiserem.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Verborragia do cansaço

Passei uns oito meses cumprindo a estressante rotina de curso técnico e faculdade ao mesmo tempo. Praticamente criei raízes dentro do ônibus que eu pegava pra ir de um pra outro (e pra voltar pra casa), o único ônibus que me servia. Ainda bem que as viagens eram tranquilas, apesar de cansativas. Enfim, chegou o recesso de final de ano e eu tive um descanso. Ah, que bom ficar sem fazer nada, agora criando raízes na cama, no sofá, na cadeira do computador... Que bom sair de casa, relaxar, rir com os parentes e lembrar que a vida, apesar de não ser paetê e lantejoula, tem todo um brilho ofuscado pelo cotidiano. Porém me vi obrigada a voltar a metade dessa rotina: aulas da faculdade em janeiro. E meu corpo sofreu. Ah, como sofreu. Me vi muito cansada, tendo mil sintomas físicos, dores, enjoos, fraqueza, sono. Nunca me senti tão estranha como nos últimos dias. O lado bom é que um pouco de repouso - de novo - ajudou. É importante desacelerar... Mas também é importante não voltar à ativa muito cedo.
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E já que é pra falar de cansaço, será que é tão difícil perceber que eu cansei, moço? Cansei desde aquela despedida. Ou desde o momento no qual percebi que era necessário me despedir para não sofrer mais. Aquilo que eu sempre disse é pura verdade: uma vez desfeitos os laços, nenhuma tentativa de refazê-los seria aceita, caso o processo fosse doloroso. Nosso jogo terminou, infelizmente ou felizmente. Espero que você canse de insistir também.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Eu só queria enxergar. (conto)


Sentei na mureta que separava a pista da praia. As ondas quebravam nas pedras e eu precisava de um alívio, uma distração, um passatempo. Então, pus-me a observar aquele mar azul, espelho do céu, que tanta gente adorava, que era vendido como a coisa mais bela desse mundo. Olhei. Olhei. Não vi. Não enxerguei essa beleza toda. Que sentido havia, afinal, em um monte de água que vai e volta?
Lembrei que, quando criança, adorava o mar. Aos domingos, ia para a praia com meu pai e minhas irmãs e me divertia com castelinhos de areia e mergulhos frustrados. Meus castelos sempre caíam uma hora ou outra; e meu pai dizia que eu não sabia encontrar o ponto exato na mistura de água e areia para manter a firmeza. "Quando você descobrir, encontrará o sentido da vida: o ponto certo, o equilíbrio". Aquilo não fazia muito sentido para mim.
Mas agora entendo bem o que meu pai queria dizer. Numa tarde de domingo, igual a tantas outras que vivi ao lado dele, quinze anos depois, eu chego à conclusão de que ainda não encontrei o tal equilíbrio. E talvez não encontre. Ando bastante triste e apática. Tento me esconder usando máscaras, saindo para beber com os amigos, querendo tudo para agora. Beijos instantâneos, amizades passageiras, noites fugazes. Vida morna. Pra mim não faz sentido algum buscar uma felicidade que eu não sei se existe. O mundo até poderia acabar e eu permaneceria inerte. Sou uma mulher derrotada.
Aí eu me lembro dele. Aquele rapaz. Tão lindo, tão gentil, tão necessário. Aquele com o qual eu tenho milhões de discussões filosóficas, aquele que pensa no futuro em contraponto à minha visão imediatista da vida. Tão sutil quanto uma melodia trabalhada em dois acordes. Eu não sei se o amo, não sei se seria capaz de largar minha forma de vida para ficar com ele. Mas ele às vezes me faz pensar que eu descobri o equilíbrio. Então reformulo o meu pensamento: o mundo poderia acabar hoje, mas eu adoraria estar com ele. Dançando.

Conto bobinho escrito em julho de 2011, inspirado (obviamente) na música Dançando, do Agridoce.

Esqueci as regras do jogo.

Sei lá. Hoje me dei conta de que esqueci. Ainda que esquecer as regras do jogo seja uma coisa boa em alguns casos. Na maioria deles, aliás. Esquecer as regras de como se comportar, de como se vestir, de como agir, de como ter que ser... É muito bom que tudo seja orgânico e nada programado. Mas hoje vim falar de outras regras. As regras do jogo de cantar. Aliás, que regras são essas? Está escrito em algum lugar que há regras? Faça vibrato desse jeito, subverta a melodia para acharem que você dá personalidade à interpretação, imite tal cantor e diga que se inspira nele... É. Todo um estilo pré-formatado, sei lá. Mas ainda não são essas regras que falo. Falo do básico. Alguns meses sem praticar o pouco que sei de canto popular, o pouco que aprendi sozinha... e esqueci tudo. Não consigo mais cantar. Esqueci a respiração, esqueci como fazer a voz sair corretamente, esqueci uma porção de coisas. E isso sem contar as outras milhões de coisas técnicas que eu nunca soube. De forma que hoje eu tento gravar algo e sai uma grande porcaria. De forma que eu canso facilmente tentando cantar. De forma que eu escorrego na afinação.
Não sei se um dia eu realmente soube essas regras. Não sei se eu as punha em prática corretamente, apesar do pessoal não ter se queixado. O que sei é que eu as esqueci, e como isso dói...