domingo, 30 de dezembro de 2012

Decolagem

Sete meses sem postar aqui. Estranho. Nesses sete meses minha vida mudou um pouco. Conheci pessoas, me despedi de pessoas, abri mão de alguém que me fez bem - porém passou a fazer muito mal -, descobri e redescobri gostos, mudei meus pensamentos em relação a algumas coisas. Mudei e continuei sendo eu mesma, por mais clichê que isso possa ser. As pessoas andam se interessando mais por esse blog, o que é estranho, já que o blogger andava me parecendo uma ferramenta ultrapassada. Como voltou a vontade de escrever, volto para cá. Estão de volta as minhas viagens loucas, seja bem vindo a bordo.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Prepotência?

Seguimos nossas vidas depois que os caminhos se bifurcaram.
Não resta o menor sentimento a não ser uma leve ternura pelas lembranças daqueles tempos estranhos e loucos. Tudo isso teve certa importância, há que se admitir. Mas é estranho ver que você saiu da estagnação à qual eu já havia me acostumado. Só resta desejar que você seja feliz agora como eu já estou sendo há bem mais tempo.

sábado, 12 de maio de 2012

Divagação de mulher

Eu tive Barbies na infância, mas nunca quis ser como elas. Nunca quis ser loira, magrela e alta. Aliás, minhas bonecas quase nunca se mantinham como vinham da loja: eu sempre pintava seus cabelos, cortava-os, fazia tatuagens de marcador permanente. Gostava que cada boneca tivesse sua individualidade. Nunca fui muito com a cara daquelas brincadeiras de casinha, nem gostava de brincar com bonecas-bebê. Não me parecia interessante. Minha mãe nunca me obrigou a fazer serviços domésticos, nem disse que eu era "inferior" ao meu irmão. Não fui coagida a me depilar, a usar maquiagem, a passar perfume. Eu quis fazer essas coisas, e já passou a época que isso era essencial pra mim. Me sinto bem quando faço e quando não faço.
Claro que nem tudo são flores. Tenho que escutar alguns "ah, mas ele é homem" de vez em quando. Fico indignada com a falta de liberdade para algumas coisas, queria ser mais assistida em outras. Mas estou contente em reparar que cresci num lar no qual certas convenções errôneas de gênero não eram sustentadas. Isso foi decisivo para muitas das ideias que tenho hoje.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Mini verborragia

Engraçado, passei uns dois meses sem postar aqui e percebi que surgiu um certo interesse por esse blog. Bem pequenininho, mas existente. E eu não faço ideia do que escrever por aqui. Aqui eu não posso desenhar ou rabiscar, como faço nos meus caderninhos. Aqui tudo tem que ser relativamente formal. Mas vou tentar contar um pouco do que tem acontecido na minha vida. Comecei a faculdade de Ciências Sociais e estou achando tudo ótimo. Estou passando por algumas mudanças que têm tudo para ser muito boas. Estou vivendo momentos legais, com expectativas legais, coisas assim. Estou amando muito, sentindo muita saudade. Algumas coisas me preocupam, claro. Mas a gente supera.
Aqui vamos nós com mais uma coisa bem pobre escrita por mim só pra não deixar o blog abandonado. :)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Nota

A gente acaba aprendendo com a vida a só levar a sério aquilo que vale a pena. E também a não sofrer por antecipação. Admito que por enquanto só aprendi a primeira parte da lição.

sexta-feira, 9 de março de 2012

verborragia de letrinhas na madrugada

Cavucando meus poucos arquivos virtuais vi que eu escrevia muito mais antigamente. Acho que era bom recomeçar a falar do que penso aqui nesse blog que provavelmente vou excluir e me perguntar por que excluí sem fazer backup algum antes. É o eterno ciclo de Julli.
São mais de 01h30min e eu certamente já deveria estar dormindo. Em vez disso fico aqui olhando para esse monitor, sem muito sono, tentando driblar algumas paranoias que vez por outra têm me consumido. Fico aqui olhando a mediocridade das pessoas, como eu fazia aos 13 anos. A diferença é que hoje já não tento dar lição de moral nem posar de boazinha/intelectual diante dos comportamentos das pessoas. Atualmente acho que isso é coisa de pseudo, e pseudo é algo que eu não quero ser de jeito nenhum. Mas o que é ser pseudo? Pseudo é um prefixo que significa "falso", e eu o uso assim sem acompanhamento para designar as pessoas que forçam comportamentos e atitudes. Que tentam parecer algo, que na maioria das vezes se acham inteligentíssimas, que curtem Legião Urbana e se acham revolucionários. Conheço muitos assim e fico feliz por não ter me tornado um deles, do contrário estaria sentada na roda de violão cantando "não aceite o chip" no meio do intervalo do colégio. Não vou listar todas as atitudes de pseudo aqui por motivos de preguiça e também porque estaria sendo chata. Eu estaria incorrendo nos mesmos erros de antes.
Andei conversando novamente sobre música com um amigo meu. Amigo este que me acompanhou musicalmente nos anos escolares e que, espero, continuará fazendo experiências musicais despretensiosas comigo nos anos pós-escolares. Senti novamente saudades daquilo que tanto gosto, que é cantar. Ainda mais agora que saí da crise existencial vocal que estava vivendo. A lição que tirei dessa crise foi: não mande uma gravação ruim pra ser avaliada por pianistas. Enfim, estou bem e com vontade de fazer música. Um cantor não se sustenta a cappella, e é por isso que nada foi concretizado ainda, mas espero que tudo fique bem.
Tudo vai ficar bem. É o que eu venho pensando para acalmar minhas paranoias sem motivo. Alguns usam essa frase como uma forma de amenizar uma dor e um medo que existem e que não deviam ser ignorados. Não é o meu caso: estou atenuando uma dor que não existe. Tudo vai passar, diz a tatuagem da cantora. E não há motivos palpáveis para se preocupar. No final a gente descobre que o fruto é mais doce do que se imaginava. Sei lá. Tanta coisa mudando, eu descobrindo mil possibilidades e com medo de pelo menos quinhentas. Mas uma hora dessas "eu me jogo, eu quero, eu vou".
Boa noite, boa sorte.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Você se deixou prender e se acomodou na sua posição de passarinho que recebe alpiste na hora certa.
Agora você quer voar, se sente pronta para isso, mas encontra pela frente um impedimento: seus donos não confiam em você.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Constatações.

- A coisa mais interessante para a maioria das pessoas é festa, e eu fico perplexa. Tem gente que já quer o São João ou até mesmo já quer o Carnaval do ano que vem. A vida não é só confete.
- Crescer é complicado (e essa é uma constatação não tão recente assim). Ando morrendo de medo disso tudo. E "tem certas coisas que a gente não consegue controlar", infelizmente.
- Talvez eu não seja uma cantora tão boa.
- Os "amigos eternos" às vezes não fazem questão de te ver pessoalmente.
- Tudo acaba.
- Loucura é fundamental.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nanquim (poema)

Poema medíocre escrito num momento de confusão.
Era uma menina desenhada por minhas mãos
Leves, como leve era o vestido voando ao vento
Como balançavam nada lentos seus cabelos
Num átimo de segundo além da percepção

A fim de voar carregava alguns balões
Nas mãos que minha mão criou habilmente
Quis ser diferente, dispensou as asas
Para ganhar o mundo sem quaisquer restrições

Então me lembrei das grades e prisões
Que por vezes tentavam prender-me, ferozes
Acorrentei minha pobre criatura ao chão
Como a realidade destruía as doces ilusões

Foi quando larguei a caneta nanquim
E me afastei para ver a aparência final
Que me espantei ao vislumbrar no papel
Um reflexo total e fiel de mim.
(14/2/2012)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

parágrafo de devaneio

Às vezes eu sinto o peso de não ter aprendido teoria musical. Queria ter sido uma dessas crianças que aprenderam piano ou qualquer outro instrumento na infância. Concluo que não tenho a menor paciência pra ser autodidata a essa altura do campeonato, mesmo conhecendo autodidatas muito bons e tendo certa noção de música. A mim resta apenas cantar: eis a única arte que aprendi a exercer sem regras acadêmicas, apenas com o uso do ouvido.. O grande problema é que um cantor não sobrevive de apresentações a cappella, ainda mais em se tratando do tipo de cantora que eu queria ser. E a coisa é bastante complicada para conseguir músicos que me acompanhem: sou um tanto exigente ao pensar em quem formaria minha banda imaginária. Os músicos que conheço têm algumas incompatibilidades de preferências (e gênios).  Fora a eterna falta de tempo e espaço para encontros e ensaios... Eu falo, falo tanto que gosto de música e que sinto saudade dela, mas na verdade a saudade não se refere apenas aos palcos. É, também, saudade da constante descoberta musical presente nos ensaios e encontros. Espero que um dia eu possa formar minha "trupe delirante" de músicos que estejam dispostos a descobrir isso tudo comigo.
Sonha, Juliana.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Romântico, pânico, caos

Aqui vai mais uma verborragia.
A situação está realmente tensa por essas bandas. Como se não bastasse o total descaso do poder público com a aparência e a infra-estrutura da cidade, coisa que já vinha se notando há uns meses, eis que na semana passada explode uma greve policial. No começo tímida e desacreditada, ideia de uma associação pequena e sem notoriedade, logo expandiu-se causando terror e medo na população. Tensão pura, homicídios e assaltos mil. Os policiais realmente merecem um tratamento melhor e remuneração digna, mas não deveria ser preciso chegar ao ponto de incitar o caos para chamar atenção. Tem que ver isso aí.
Felizmente os efeitos negativos dessa greve não me atingiram diretamente, e isso não é questão de "viver numa redoma", visto que saí de casa algumas vezes durante esses dias. É questão de sorte, creio eu. Ou de "deus", como dizem outros. Prefiro a primeira opção. Ao que parece, as coisas estão muito perigosas mundo afora, mais do que de costume. Isso quer dizer que amanhã não sairei de casa. Não só eu, como muitos outros indivíduos soteropolitanos - razão pela qual as ruas andam vazias como num eterno domingo. E aí é que está uma das coisas que vem doendo bastante em mim nos últimos dias: a saudade de quem eu amo. A saudade de quem está distante 17km daqui e não pode vir porque o campo de batalha está mais intenso pro lado de lá. A saudade de quem eu não vejo há mais de uma semana. É, eu sei, isso é bom para exercitar o sentimento. Eu sei, isso não desfaz os laços. Mais importante, sei que é melhor que esse alguém fique em casa vivo em vez de sair de casa para vir me ver e ficar pelo caminho. Mas saudade dói tanto...
Nessa onda de saudade, lembro também dos amigos. Me peguei pensando muito neles no último final de semana. Lembrando das manhãs que passava com eles, dos tapas, dos sorrisos, das discussões, dos abraços, dos almoços, das loucuras. Dá saudade também, obviamente, da boa, velha e amada música, na qual eu ainda pretendo investir paralelamente. De tanto dizerem que não devo desperdiçar esse "talento", sinto falta de poder cantar o que gosto acompanhada de quem gosto. Melancolia e nostalgia. Um coquetel estranho.

O que ando ouvindo: músicas pelas quais tenho uma queda. Aqui vão as da semana.
O Circo - Rita Lee e Roberto de Carvalho / Uma música da qual falo muito no twitter. É lindamente melancólica, poética, singela. Eu a sinto muito profundamente. E amo os arranjos dela, uma coisa tão caixinha de música, tão meiga, tão "lágrima de emoção".

Dance The Night Away - Vogue / Música da era disco que me cativou profundamente. Descobri-a por ser a primeira faixa de um LP que eu só ouvia a segunda faixa. Gostei dos arranjos.
Pertinho de Você - Elisângela / Acredite. Fico pensando que eu deveria ter escolhido essa música para uma peça que fiz em 2010, ambientada nos anos 70, com a tchurma da discoteca como protagonista. Era uma adaptação de Dom Casmurro. Por isso, quando essa música toca em festas de família, fico imaginando o que eu teria feito com ela.
S.O.S. - ABBA / Faz parte da minha atual lista de "futuros covers que talvez eu nunca faça". Mais uma que ouço pra pensar no que pretendo fazer num possível cover.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

nº1

Borboletas no estômago para uns. Mero exercício de línguas e luxúria para outros. Há também quem pense que ele não existe, e quem o idealize demais a ponto de achar que tudo são flores. Há quem pense que está condenado a ficar sem ele. Essa coisa de amor tem várias facetas e é percebida de várias formas. E eu ando redescobrindo a minha experiência com ele dia após dia.
Havia uma Juliana de oito anos que pensava amar e queria viver coisas de gente grande, mas nada sentia. Havia uma Juliana de doze anos que inventava sentimentos e perseguia seus objetos de atração de forma ligeiramente psicótica. Havia uma Juliana de treze anos que se rendeu aos encantos de um amor distante e foi aí que sua vida deu um certo giro. Nessa ocasião ela descobriu a paixão etérea, sublime, impossível, cheia de frufrus. Que ela pensava ser amor, mas na verdade era só um deslumbramento esquisito. Uma história que acabou mal e ensinou muito. E pouco tempo depois surgiu uma Juliana de quatorze anos, mais madura, vendo florescer uma nova rosa do amor no solo do seu coração. Sem pressa, do jeito que tinha que ser, um passo de cada vez. E foi assim que essa rosa se firmou e se manteve.
Desde essa época eu tenho lapidado minhas concepções de amor. No começo inocentes, hoje um pouco mais profundas e cheias de nuances. Acho que hoje sei o que é amor romântico. Está certo que essa descoberta de "o que é amor" é muito relativa, pessoal e intransferível, mas vou tentar resumir minha percepção disso tudo.
Amar é não querer perder a pessoa nem na pior das brigas. Amar é fazer concessões quando necessário. Amar é misturar a mulher, a menina, a namorada, a amante e a amiga. O amor não é aquele mar de rosas com purpurina colorida, mas não é uma selva de espinhos. O amor não obedece a estereótipos, é lindo à sua maneira.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Estrela.

Os fãs, de alguma forma, querem sempre dar um jeito de ter contato com seus ídolos. De se encontrar com eles, de ver se valeu mesmo a pena toda aquela admiração, se o ídolo é acima de tudo uma pessoa comum e agradável. É isso que faz com que a relação fã-ídolo seja mais colorida. Olhando por esse ponto de vista, ser fã de alguém que já morreu é muito tenso porque você já não pode mais ver a pessoa em carne e osso, nem interagir com ela. E se considerando só isso já é complicado, imagina quando seu ídolo morreu bem antes de você nascer. E mais: quando ele foi de uma genialidade e maestria impecáveis na vida e na carreira - e você não pôde ver. É o que sinto, diariamente.
Elis morreu há exatos 30 anos. Hoje, restaram os vídeos, os livros, os discos, o acervo de raridades disponibilizadas nos grupos de fãs (dos quais eu faço parte). Restou a saudade por parte dos que a viram em vida e até mesmo por parte dos que não a viram, como eu. Ficou a certeza em mim de que sinto algo muito forte por ela, porque só isso explica eu me emocionar com gravações não-oficiais do Falso Brilhante (show que foi um marco na carreira dela) e passar 3h ininterruptas ouvindo entrevistas. E ela merece todo esse sentimento: conseguiu ser, em uma só pessoa, a mistura exata de intérprete perfeita com mulher crítica e consciente. É isso que faz com que nós, fãs, nos emocionemos tanto com ela.
Me pergunto como seria Elis hoje em dia, na aparência e na música. Se o cenário cultural de hoje teria alguma salvação com a presença dela. "Ela era meio que um parâmetro de qualidade", dizem uns. Vai ver por isso a música brasileira decaiu tanto depois que ela morreu. Me pergunto se ela assumiria os cabelos brancos. Se continuaria linda, louca, lúcida e debochada. Não se sabe, pois no meio do caminho tinha uma overdose - verdadeira ou forjada, nunca se saberá - e ao meio-dia de 19 de janeiro de 1982, Elis Regina Carvalho Costa já não estava entre nós. Virou uma estrela. E hoje brilha para nós, nos enchendo de orgulho.

Eterna será tua voz.
Luz de estrela não se apaga.
Indelével morte atroz.
Supra a dor que o canto afaga.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

2011

Exatamente como a Camila Ferreira faz no seu blog, quis definir meu ano de 2011 em músicas. Mas é uma dificuldade conseguir pensar nas músicas perfeitas. Então definirei em poucas palavras mesmo.

Janeiro: Praia e alegria. Família, sol, twitter no celular. Tudo muito feliz. Planos e expectativas. Doenças bobas.
Fevereiro: Aulas. Recomeçar. Dedicação à música. Conexão com as amizades. Avanços.
Março: Anotações. Cadernos. Problemas. Paranoias.
Abril: Epifanias. Medos. Novos ares, novas paixões ideológicas. Loucura, chiclete e som. Pessoas do passado ressurgem.
Maio: Mesmice. Proximidade. Atrito. O estopim de uma crise.
Junho: Sensação de perda iminente. Vontades e dúvidas musicais. 
Julho: Pequenas decepções. Complexo de inferioridade. Afastamento de alguém querido. Jornada industrial.
Agosto: Depressão. Brigas. Tecnologia. A volta de quem se afastou.
Setembro: Música, música, música. Risos. Probleminhas. Rascunhos.
Outubro: Entusiasmo musical. Proximidade problemática. Amor.
Novembro: Fracasso. Resignação. Despedidas. Promessa de solucionar problemas.
Dezembro: Tédio. A mudança posta em prática. Amor. Saudade.

Dias de tédio

Tédio, tédio mesmo. Palavra que certamente é muito repetida no twitter. Situação que leva as fãs de modismos pop a inventar milhões de tags ridículas para aparecer nos assuntos mais comentados da rede social supracitada. Tédio, o culpado pelas gordices de cada dia. Pelas postagens idiotas em blogs, como essa. O motivo que leva mães, senhoras, mulheres e quem estiver em casa à tarde a assistir às centenas de reprises de telenovelas. Todos são assolados pelo tédio, inegavelmente.
E o que eu tenho feito nesses dias de tédio? Algumas coisas absolutamente inúteis, outras até um tanto interessantes. Me dedico a ler besteiras na internet, a escrever contos (como o último que postei), a olhar feeds de redes sociais, a ler blogs de crítica e de entretenimento. Meus hobbies mais recentes: ler monografias sobre Elis Regina, meu ídolo eterno, e jogar Pokémon em emuladores. E ando com saudade daqueles bichinhos virtuais, os Tamagotchi. Também fiz uma playlist no YouTube só de covers de músicas pop e videogame music feitos em piano. Ampla gama de interesses, não?
Confesso que cansa MUITO esse negócio de ficar em casa nas férias. Não é isso que eu quero. Quero sair desse eterno comodismo, em todos os sentidos. Isso é assunto pra outros posts... Mas o que eu realmente queria era estar em Arembepe. Tenho uma grande paixão por aquele lugar, ou pelo menos pela parte da praia que costumo frequentar. Vazia, simples, sem muitos frufrus. Não chega a ser deserta por causa das casas ao redor. Mas não tem boa parte dos farofeiros existentes nas praias de Salvador. Ontem mesmo vi um monte. O fato é que talvez eu esteja lá de novo essa semana. É o que desejo muito. E aqui termina mais um post inútil, fruto de mais um dia de tédio.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Amor discreto pra uma só pessoa (conto)

Ele levantava muito cedo para ganhar o pão de cada dia, para repetir uma rotina de escritórios e luzes fluorescentes. Tão acostumado estava com essa rotina que acabou por achar normal repetir sistematicamente suas ações matinais e levar a rotina para casa. Era sempre o mesmo esquema: acordar, ir ao banheiro, tomar banho, barbear-se, lavar o rosto, vestir-se, pentear os cabelos, calçar-se, fazer o café, comer, pegar a mala, sair para trabalhar.
De vez em quando algumas coisas interrompiam essa rotina, o que o deixava bastante abalado. Eis que uma vez ele viu-se sem o pó de café. Irritou-se com o imprevisto e depois consigo mesmo: porque não checou os mantimentos na noite anterior? Pegou a carteira e rumou para a mercearia próxima, que abria bem cedo. Foi nesse dia que aconteceu algo que lhe deu motivos para transformar sua rotina em fumaça. Ou pelo menos deu novos ares a sua vida.
Na fila da mercearia ele sentiu uma fragrância diferente. Não era o perfume da sua mãe. Não era o perfume de nenhuma das menininhas do colégio que ele frequentara há tantos anos. Não era o perfume da sua ex-mulher. Era algo novo, que instigava seus sentidos. Olhou para trás, buscando a dona do cheiro tão atraente. E vislumbrou uma garota fascinante. Baixinha, magra, jovem, ruiva, não devia ter mais que dezoito anos. Trazia uma aura encantadora, uma exuberância simples. E isso sem precisar de roupas chamativas ou maquiagem. Estava de cara limpa, usando uma calça jeans e uma blusa estampada com singelas flores. Não deu outra, ele caiu de amores.
Os dois saíram da mercearia praticamente juntos, mas ele não conseguiu falar nada. Não tentou se aproximar. Apenas ficou acompanhando com o olhar aquela menina, que montou numa bicicleta vermelha e saiu. Só depois que ela virou a esquina, ele conseguiu se mexer. "Inacreditável", ele pensou.
Queria descobrir mais sobre aquela garota, de qualquer jeito. Não a viu por alguns dias, angustiou-se. Até uma manhã na qual ele acordou mais cedo do que o normal, sem querer - tivera um pesadelo somado a um mal-estar. Olhou pela janela e surpreendeu-se com o que viu. A menina passava por ali de bicicleta bem naquela hora. Ele ficou bobo, olhando para ela, como da primeira vez. Suas mãos suavam de ansiedade. Mais tarde descobriu que era normal que ela passasse por ali todo dia, bem naquela hora. Não havia um dia no qual ela não fizesse isso, e só naquele dia ele descobriu isso. Passou a acordar mais cedo só para vê-la passar.
A existência daquela garota tinha mexido com o íntimo dele. Sua vida já não cheirava a mofo, agora só havia o perfume dela por todo lado. Agora ele podia sorrir. Pensava em como seria maravilhoso tê-la com ele e para ele, mas não conseguia se aproximar dela. Pensou em tentar uma amizade, mas de repente desistiu: conhecê-la poderia arrancar o véu da sua imaginação e revelar uma pessoa bem diferente do que ele pensava.
Um dia ela não passou de bicicleta pela rua dele. A preocupação e o medo surgiram. Foi como se o mofo voltasse a brotar na sua vida; seu mundo fez-se tristonho e cinza. Pior do que antes. "Que loucura, hein. Me apaixonar platonicamente por uma mocinha que eu mal conheço. Aí ela some e eu fico assim, na pior". Isso se repetiu no dia seguinte, causando-lhe ainda mais dor. E quando ele já estava disposto a voltar à vida de rotina e resignação, quando acordou no horário de sempre, fez as coisas de sempre, abriu a porta e saiu, viu-se diante de uma bicicleta vermelha parada no portão de sua casa. Lá estava a menina, de costas. Virou-se ao ouvir o som da porta.
- Pode me ajudar, moço? O pneu furou.
"Claro que posso te ajudar, sei remendar pneus muito bem, aliás, quer tomar um café comigo? Não se preocupe, eu tenho dias de folga sobrando, posso faltar ao trabalho. Ah, você tem aula? Deve ser uma boa aluna, não se preocupa. Você é muito bonita, sabia?"
- Acho que posso, sim.
"Venha, tome um café comigo, me deixe tirar esse casaco, sente no meu colo, conte todas as histórias da sua vida enquanto eu afago seus cabelos, me deixe te abraçar e beijar seu pescoço."
Ele foi em casa, pegou as ferramentas necessárias, a ajudou com o pneu sem se importar em se sujar. Ela ofereceu ajuda, mas ele fez questão de tomar o trabalho para si.
- Pronto.
- Obrigada, moço. Valeu mesmo!
A garota montou na bicicleta. Ele sentiu um impulso de gritar e pedir que ela voltasse, mas não conseguiu. Ficou apenas olhando, como da primeira vez.
"Quanta tolice eu penso. Parece que eu gosto de me iludir à toa".

Conto inspirado em: Ilusão à Toa (Johnny Alf)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Eu tenho uma playlist...

...uma playlist feita de músicas melancolicamente lindas. Ou lindamente melancólicas. A playlist inteira tem um mood perceptível para quem a ouve. Ares de tristeza e beleza. Sem mais, aqui está.
Nos Bailes da Vida  - Cesar Camargo Mariano & Nelson Ayres
B. Day - Agridoce
O Circo - Rita Lee & Roberto de Carvalho
I Want Tomorrow - Enya
Patience - Guns 'N Roses
A Corujinha - Elis Regina
Dançando - Agridoce
Sunseed - Raul Seixas
Modinha - Rita Lee & Tutti Frutti
Romeu - Agridoce
O Que Tinha de Ser - Elis Regina & Tom Jobim
Midnight Blue - Enya


Eu vou indo, correndo, pegar meu lugar no futuro. (ou "a volta de Julli")

Já tive uns trocentos blogs internet afora. Lembro nome e época da maioria deles. O último foi excluído em meados do ano passado porque eu achei que a mecânica do blogger tinha se tornado um pouco obsoleta. Porque eu achava que estava me expondo demais. E porque, como sempre, ninguém dava a mínima pra o que eu escrevia. Eu já devia estar acostumada. Então agora a minha intenção é escrever sem ligar muito pra seguidores. Na verdade eu nem ligava tanto assim... enfim.
Desde que eu criei meu primeiro blog - um dos poucos que ainda existem, e que eu não vou dizer o nome porque é muito idiota - até hoje, muita coisa mudou na minha vida e na minha pessoa. Isso é meio óbvio, porque  há um abismo de cinco anos entre esses momentos citados. Mas observando de 2008 pra cá, quando comecei a "blogar" com mais intensidade, eu cresci bastante. Conheci a paixão, a decepção, o abandono, o recomeço, o amor de verdade, algumas coisas mais ocultas. Conheci a raiva, a distância, o perdão, o "nunca mais". Conheci os palcos, a glória, o aprimoramento, os aplausos, o esquecimento de segundos depois. Conheci a verdadeira amizade. Acho que o amadurecimento mais profundo da minha vida deu-se durante esses três anos. E tende a continuar, porque ainda há coisas que eu pretendo viver, conhecer e aprender.
Acho que usarei esse blog para registrar minhas percepções - não tão agressivas como outrora - do mundo que me cerca. Sem mais ambições, sem a ideia louca de tentar ser formadora de opinião - porque houve uma época na qual eu acreditava nisso, podem rir de mim -, contarei minha história. Meu passado e um pouco do meu presente. Obviamente não me desnudarei completamente, mas tentarei depositar aqui um pouco do que penso, sinto e vivo. Começou a viagem.