Eu tive Barbies na infância, mas nunca quis ser como elas. Nunca quis ser loira, magrela e alta. Aliás, minhas bonecas quase nunca se mantinham como vinham da loja: eu sempre pintava seus cabelos, cortava-os, fazia tatuagens de marcador permanente. Gostava que cada boneca tivesse sua individualidade. Nunca fui muito com a cara daquelas brincadeiras de casinha, nem gostava de brincar com bonecas-bebê. Não me parecia interessante. Minha mãe nunca me obrigou a fazer serviços domésticos, nem disse que eu era "inferior" ao meu irmão. Não fui coagida a me depilar, a usar maquiagem, a passar perfume. Eu quis fazer essas coisas, e já passou a época que isso era essencial pra mim. Me sinto bem quando faço e quando não faço.
Claro que nem tudo são flores. Tenho que escutar alguns "ah, mas ele é homem" de vez em quando. Fico indignada com a falta de liberdade para algumas coisas, queria ser mais assistida em outras. Mas estou contente em reparar que cresci num lar no qual certas convenções errôneas de gênero não eram sustentadas. Isso foi decisivo para muitas das ideias que tenho hoje.
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