segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Não espere que eu me contente com pouco

2014, o ano da catarse, das mortes metafóricas e reais, das vitórias, da intensidade. Foi um bom ano. Descobri muita música interessante, fui a bons shows, consolidei minha relação com pessoas queridas da faculdade, mantive viva a chama das amizades de escola. Tive um desempenho acadêmico acima da média, passei a usar o cabelo cacheado, aprendi a cuidar melhor do toca-discos. Escrevi mais do que nunca, experimentei a fotografia analógica, comprei um celular com meu próprio dinheiro (passei a ter meu próprio dinheiro, aliás). Assisti a filmes interessantíssimos, a maior parte deles devido à faculdade. EstamiraSimonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei, Bye Bye BrasilClamor do Sexo e Psicose foram as melhores descobertas. Esses dois últimos, por influência do mestre Setaro, que se foi na metade desse ano.
Acho que só houve uma área desastrosa da minha vida esse ano, o amor. O que tive de sucesso nas outras áreas, tive de insucesso nessa. Me joguei, caí, bati a cabeça, morri umas quatro vezes, levantei, tentei de novo, chorei. São as consequências de ser demasiado intensa. Sei lá. Fico pensando que, se eu fosse adepta do desapego e da negligência, da suposta independência, tudo seria mil vezes mais fácil. As pessoas andam traumatizadas. As pessoas não querem mais sentir. Preferem se manter na segurança da superfície. Mas eu, que mergulho, hei de achar alguém que goste tanto da profundidade quanto eu.
Em 2015 quero que tudo siga como está: intenso, firme e forte. Jamais me contentarei com pouco. Jamais aceitarei as coisas pela metade, jamais viverei na indefinição. "Não conheço o que existe entre o 8 e o 80..."

Feliz ano novo para as mosquinhas que leem meu blog.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Elis, o amor e a catarse

Ontem devo ter ficado entre morrer de emoção e atingir o nirvana. Ontem caminhei na corda-bamba entre o choro e o sorriso satisfeito. Arrepios percorreram o meu corpo a cada vez que o piano era tocado de forma mais intensa. Amor. O amor transbordava em mim naquele momento. Todo o amor que eu declaro, proclamo e transformo em verso, prosa, voz e silêncio por ela. Elis, essa mulher.
Tudo isso aconteceu ao assistir ao show "Saudade de Elis", na Caixa Cultural. Tunai e Wagner Tiso apresentaram, durante uma hora, um repertório de homenagem a Elis, com canções gravadas por ela e outras canções que permeiam, de certa forma, o universo elisiano e/ou têm relação com as trajetórias dos dois. Shows de homenagem não são novidade e quem me conhece sabe que tenho sérias reservas a outras pessoas cantando Elis. Mas nesse caso, resolvi ir porque podia ser realmente bom. Vi uns vídeos no YouTube, curti os arranjos baseados em piano e violão... e além disso, Tunai e Wagner são dois grandes músicos e contemporâneos dela, o que faz grande diferença. O primeiro teve três composições gravadas por ela.
O show foi maravilhoso. As músicas eram entremeadas por algumas histórias de convivência com Elis, contadas por Tunai. Solos de piano, momentos de voz e violão e todos juntos a maior parte o tempo. E a plateia delirando, cantando junto, adorando. Eu tive a sorte de sentar bem na frente, próxima às caixas de som. Senti todo o peso dos graves do piano, do jeito que eu gosto. Fechei os olhos. Me joguei. Cantei loucamente enquanto a música me invadia. Me segurei na cadeira tal qual alguém que tenta sair ileso de um tremor de terra. Me senti felicíssima, embora a emoção tenha me levado quase às lágrimas em meio às histórias. Que coisa linda ter tido a chance de estar com Elis. Coisa que nunca tive, nem terei, dado o fato de ter nascido treze anos depois de sua morte.
Voltei pra casa nesse misto de sensações. Satisfeitíssima com o show e com a experiência catártica inesquecível. Sim, porque não há nada que defina melhor aquilo tudo do que o termo "catarse", tanto na acepção do senso comum, quanto no significado estético da coisa. Transbordante. E, ao mesmo tempo, nostálgica. Aquilo tudo me fez pensar em como dói não ter Elis entre nós. Imaginei que lindo seria poder ver um show dela naquelas mesmas condições, num palco tão baixo e tão próximo de um público pequeno. Como dói não ter vivido numa época na qual ainda se criava expectativas sobre qual seria seu próximo álbum, sobre quais compositores ela gravaria. Ah, Elis. Que dor. Que saudade. Um misto de sentimentos, mais uma corda-bamba. Satisfeita e dilacerada, assim estava eu até pouco tempo atrás. Chorei, finalmente. Chorei por não tê-la mais aqui. Meio bobo, eu sei, mas o amor é bobo. "O importante é que ela tem quem a ame, quem a mantenha viva", disseram meus pais quando relatei minha sensação. É verdade. Mas esse final de semana, entre dores e prazeres, eu vi quão intensa é minha ligação com ela. Sem medo de ser piegas. Obrigada por tudo, Elis. ♥


Vários textos estão por vir ainda essa semana. Chega de hiato.

domingo, 12 de outubro de 2014

Não

Eu menti quando disse que sabia lidar com essa situação dúbia. Não sei lidar. Essa frase é aplicável a diversas áreas da minha vida, e uma delas é essa dos labirintos e emaranhados. Não sei lidar.

domingo, 28 de setembro de 2014

Poema ruim de duas estrofes só

em meu peito há um punho fechado
uma mão que segura a corda-bamba
na qual ando me equilibrando
enquanto apenas sofro calado

há uma dor nova e esquisita
por algo que ainda não vivi
e que não sei como será
mas faz de mim pessoa aflita


sábado, 23 de agosto de 2014

Playlistzinha: minhas favoritas do Queen até agora

Estou escutando a discografia do Queen (lentamente, mas estou). Reúno aqui as canções das quais mais gostei, que repito loucamente sem enjoar, até o álbum News Of The World. Singles conhecidíssimos não constam dessa lista.

Doing All Right
The Night Comes Down
The Fairy Feller's Master Stroke
Tenement Funster / Flick Of The Wrist / Lily Of The Valley
She Makes Me
In The Lap Of The Gods ...revisited
'39
The Prophet's Song
You And I
Spread Your Wings
Who Needs You
My Melancholy Blues

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Primeiras impressões das últimas aquisições: Nintendo DS Lite

Agora vamos a um post bem "sério". Ou não. Enfim, um post que não traz divagações, nem lamentações, nem metáforas sobre dores profundas e alegrias transbordantes. Um post de comentários sobre as últimas coisas que comprei. Meio fútil, mas pode ser útil pra quem quiser comprar ou estiver curioso sobre determinados aspectos da experiência de uso. 
Há duas semanas eu realizei um sonho de consumo bem recente que brotou em minhas ideias de súbito: um Nintendo DS Lite. Percebi que seria uma boa ideia comprar um console portátil de videogame, ainda que ele esteja ligeiramente defasado. Isso não importava pra mim, pois: 
- Depois de um GBA que enrugou a tela, qualquer coisa é lucro;
- O DS Lite aceita cartuchos de GBA (o que me possibilitaria usar os do GBA que enrugou a tela);
- Há toda uma biblioteca de jogos que nunca experimentei (porque meu computador nunca aguentou emular DS);
- Posso me divertir em todo lugar (menos nos ônibus e pontos de ônibus porque tenho medo);
- O DS Lite tem iluminação nas telas (coisa que o GBA nunca teve).
Isto posto, passei a pesquisar preços e mais preços. Perdi umas duas ofertas maravilhosas por estar sem dinheiro, até que finalmente consegui comprar um usado, já que ele já saiu de produção. Com capa, R4 (cartucho que aceita várias ROMs [pirataria, uhul!]), caneta stylus grande e carregador. Original, fiz questão de registrar o serial no Club Nintendo (por sorte ainda não tinha sido registrado). Uma lindeza. Black piano, funcionando perfeitamente. Notei só uns ligeiros vazamentos no LCD inferior, mas mal dava pra ver. Poucos arranhões nas telas, alguns imperceptíveis do lado de fora. Infelizmente, sem a tampa do slot 2 (achar uma dessas hoje em dia é complicadíssimo) e sem a caneta pequena para inserir no orifício destinado a tal fim no corpo do DS. 
Agora sim, as primeiras impressões de uso. Fiquei maravilhada. Muitos jogos ótimos, jogabilidade boa na maioria dos casos. O recurso da tela touch é bem utilizado. Há jogos que dependem exclusivamente dela, outros que usam a tela e os botões juntos, e alguns que usam a segunda tela apenas como auxiliar para mostrar dados diversos. Outra coisa bem legal são os jogos que usam as duas telas juntas, dividindo o conteúdo entre elas, a exemplo de Sonic Colors: o Sonic passa de uma tela a outra, de acordo com a altura do lugar no qual ele está. Há também a interatividade com o microfone, embora ele nunca tenha funcionado direito quando testei. No momento estou jogando "sério" (porque tem muitos jogos que eu abro só pra ver como são e deixo pra jogar "sério" depois) os seguintes títulos:
- Pokémon Platinum (apanhando todo dia da segunda líder de ginásio);
- 999 - 9 Hours, 9 Persons, 9 Doors (um jogo cheio de texto, com boa história e que põe os neurônios pra trabalhar);
- Brain Age 2, Brain Challenge, Big Brain Academy ("jogos de gente velha", amo essas coisas);
- Lego Rock Band (minha mais nova paixão, jogo até os dedos doerem);
- New Super Mario Bros. (um clássico, joguinho casual maravilhoso);
- Pipe Mania (porque montar tubulações é vida).
Nem tudo são flores, porém. Eu acho que devo ter um ímã de problemas em telas de gadgets, como disse outro dia no twitter. O GBA enrugou, um celular quebrou a tela, outro teve dead pixels, o atual teve a tela inundada. Eis que, na sexta-feira passada, surgiu uma linha branca bem fina na base da tela inferior. Momentos de tensão. A linha não atrapalha em nada na jogabilidade, só na estética mesmo. Dizem os entendidos que se trata de um problema nas trilhas do cabo flat, e a solução só pode ser a troca da tela. Mas só trocarei quando realmente começar a incomodar: se surgirem outras linhas, se a tela começar a piscar... Há que se compreender também que o DS Lite é um portátil antiguinho, lançado em 2006 e descontinuado em 2009. O desgaste é normal.
No geral, o saldo é positivo, apesar desse pequeno contratempo. Ter um videogame portátil é bom demais, distrai naqueles momentos nos quais não há internet e não há gente interessante por perto. Até o momento é uma das coisas mais legais que eu comprei. Espero que isso não mude. E não me arrependo de ter pego um DS Lite em vez de um DSi: pro que eu queria, ele serve perfeitamente.

♥♥♥♥♥ (5/5)

No próximo post: Aquapix - sim, ela finalmente chegou! A toy camera à prova d'água que promete aprontar altas confusões com essa turminha do barulho.

O que aprendi no segundo semestre da faculdade de Jornalismo

- Jornalismo de revista pode ser um grande desafio pra quem está acostumado com o texto burocrático dos jornais. É permitido criar um pouco mais, o lead não é tão rígido... o problema é aprender a lidar com isso. Várias vezes meu texto foi tachado de "burocrático demais". A gente aprende.
- Fazer jornalismo na rua é uma maravilha. Conhecer pessoas, histórias, saber da existência de outros mundos que nunca imaginaríamos que existissem. Nesse semestre fiz matérias relacionadas a pichadores, muçulmanas e LGBTs. É muito bom descortinar realidades ocultas.
- Todas as teorias da comunicação se interligam de alguma forma, há pontes unindo todas elas. Isso pode ajudar muito na escrita de um futuro TCC.
- Um signo pode ser mil coisas: desde a sua definição mais primária de "uma coisa que representa outra coisa que não ela mesma" até algo que possui uma função ideológica, passando por outras trocentas formas.
- Falando nisso, Semiótica só é um bicho papão se você não se armar o suficiente para enfrentá-la. É necessário ter muito tempo disponível para estudar suas artimanhas e dominá-la no combate (eita). Coitada de mim no próximo semestre, se a carga teórica de Estética for assim também. O estágio se aproxima.
- Fotografar é muito amor. Conhecer as minúcias do processo, então, é melhor ainda. Poder operar uma DSLR no modo manual, saber o modus operandi para conseguir determinado efeito, "produzir sentidos" com a fotografia...
- Fazer um ensaio fotográfico documental também é uma experiência surreal. Tem um quê de jornalístico e muito de artístico. Ainda mais quando o tema do ensaio é algo que você conhece e ama (toca-discos).
- É triste e chocante perder um professor para a outra dimensão no meio do semestre. Descanse em paz, mestre Setaro.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Ando me sentindo só, mas principalmente ando me sentindo cansada de tentar. Não quero mais brincar com fogo, não quero mais construir castelos de ar no vazio, não quero contar com aquilo que só existe no mundo das ideias. Um tropeço atrás do outro. Pra quê nutrir esperanças, sonhar acordada e dormindo, imaginar mil coisas, se no final o que sobra é sempre o silêncio reticente de quem não sente o mesmo que eu?

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Difíceis enigmas

Um fracasso atrás do outro. Vivo tentando abrir portas e adentrar cômodos sombrios para torná-los meus, mas as portas batem quando estou dentro deles, tentando desvendar seus mistérios. Fico presa, morro de fome, frio e carência, pulo a janela, desisto, saio correndo. Só que tenho um coração guerreiro e determinado, o que me leva a buscar outras portas, mesmo que eu dê com a cara nelas às vezes.
O grande problema é que eu não queria ter que abrir portas, não queria gostar do que é misterioso e esquisito. Isso dói, cansa. Eu poderia procurar um banco de praça para sentar, mas vivo querendo o sofá de camurça roxa que espreitei pela fresta da porta. Eu poderia querer o hambúrguer produzido em série na lanchonete americana, mas a refeição estrangeira que se apresentou ao meu olfato passando por detrás da porta me apetece mais. Meu destino é resolver cubos mágicos e enigmas em busca de um pouco de paz, alívio e conforto. Não sei se é bom ou ruim. Mas com certeza não é fácil.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Por amores mais sinceros

Os joguinhos já começam nos primeiros encontros. Na tentativa de criar uma imagem "sexy sem ser vulgar" - ou melhor, algo que agrade ao patriarcado sem chocá-lo com a audácia de ser dona do próprio corpo -, nas recomendações de "deixar o outro querendo mais". Não beijar no primeiro encontro. Não ir para a cama no primeiro encontro (pecado imperdoável!). Não se entregar de vez. Tudo pelo "jogo da conquista". Não fazer com que o outro pense que está no controle. Ah, o controle. Essa coisa que tentam manter logo que o relacionamento evolui e se torna namoro. Ou até mesmo um rolo. Que fique claro, aqui não falo de relacionamentos abusivos, não falo de privar-se das coisas por vontade própria, nem de proteger-se de ameaças. Tudo isso é bastante necessário. Falo especificamente dos joguinhos sentimentais aos quais as pessoas parecem ter aderido.
A ânsia de manter o controle da relação. "Não se doar demais", não demonstrar sentimentos, não correr atrás. Porque quem se importa se humilha, há que se manter um distanciamento. Usar uma armadura, ao que me parece. "Pega e não se apega". Tudo é líquido. E a sinceridade, onde fica? E que fique claro, não faço críticas ao poliamor, à liberdade sexual, nada do tipo (acho ótimo, inclusive). Meu problema é com essas máscaras. Sei lá.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Era uma publicação de facebook, mas eu trouxe pra cá

Você diz que quer mexer com fotografia analógica, todo mundo acha estranho. No entanto, a maioria das pessoas que criticam usam os efeitos dos apps de edição de imagem. Que, obviamente, foram inspirados pelas câmeras Lomo, pelos processos de revelação, até mesmo por aquilo que era considerado defeito ou erro na época da fotografia analógica... Enfim, parece que querem só a parte cômoda, o resultado, sem pensar no processo, sem ter decepções... Daí eu escrevi essa última frase e só consegui pensar na atitude que se tem em relação aos relacionamentos, à vida mesmo, no geral. Armaduras, fugir de erros, um esforço inútil, quando o "se jogar" pode ser muito mais interessante. OK, parei.

domingo, 4 de maio de 2014

Playlist delirante

Tô aqui nesse final de domingo, fazendo nada, olhando pra tela do monitor e pensando em músicas que me remetem essa sensação de delírio, de psicodelia, de paz. Esse seria o tipo de playlist que eu gravaria numa fita pra ouvir de vez em quando. Não sei se "Aos Meus Amigos", da Maria Adelaide Amaral, livro que estou lendo, me deixou assim ligada nesses lances.

- El Rey - Secos e Molhados
- Le Premier Bonheur du Jour - Os Mutantes
- Fala - Secos e Molhados (menção honrosa pra essa aqui, com requinte de coraçãozinho)
- Trem de Doido - Clube da Esquina
- Blue - 14 Bis
- Alucinação - Belchior (não é exatamente psicodélica, mas tem a ver com o clima)
- Mágica - Os Mutantes
- Assim Assado - Secos e Molhados
- Piece Of My Heart - Janis Joplin
- The Fool On The Hill - The Beatles
- O Circo - Rita Lee
- Planeta Sonho - 14 Bis
- Virgínia - Os Mutantes

Desculpem a repetição de artistas, mas deu vontade.
E tô com preguiça de pôr os links (ninguém vai ouvir mesmo).

sábado, 26 de abril de 2014

O mundo pode ser bom quando a bruxa te assombra

Eu acredito que as pessoas podem ser boas. Achei que tivesse perdido essa crença, que tivesse "crescido", enfim. Porque dizem sempre que acreditar nas pessoas é coisa de criança, de gente besta, de gente que só quebra a cara. E quando nós, que acreditamos, quebramos a cara, a culpa nunca é de quem é rude. A culpa nunca é de quem fala as palavras cortantes, de quem silencia o outro, de quem se nega a ouvir. Pelo contrário, a culpa acaba sendo da vítima. "Você não devia confiar, você não devia ter esperado nada, pra quê foi fazer isso?". Quase um "pra quê saiu de roupa curta?" em casos de abuso.
Mas continuo acreditando. Tal qual o menino moleque que mora no coração do poeta, eu acredito nas coisas bonitas que não deixarão de existir. Há quem diga que sou mimada por isso, por ficar chateada quando não são sinceros comigo, por me irritar com a aspereza e por esperar alguma compreensão. Não sei. Cresci num lar no qual as pessoas me respeitavam. Tudo bem que agora andam tirando as almofadas, orientados por essa noção torta de amadurecimento, mas ainda assim a vida é macia. Acho que fui mal-acostumada.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Kodak Sport descartável - uma experiência

No feriado de páscoa fiz uma coisa que esperava fazer há anos: usei uma câmera analógica pela primeira vez. Uma câmera descartável, de uso único, da Kodak. E o mais legal de tudo é que ela é à prova d'água e super resistente. Faz tempo que eu queria fazer essa experiência com ela, mas sempre faltava verba e uma boa oportunidade. Houve finalmente uma interseção dos dois conjuntos, e comprei-a. Quando comprei, passei um bom tempo pesquisando no Flickr e no Tumblr fotos tiradas com ela. Achei os resultados bem interessantes e fiquei entusiasmada.
Algumas pessoas - meus pais, por exemplo - me perguntaram coisas como "analógica, Juliana? Pra quê isso?". Mas eu digo "pra quê". Em primeiro lugar, eu nunca tinha tirado fotos embaixo d'água. Em segundo, como já disse, minha vontade de experimentar todo o processo analógico é bem antiga já. A fotografia em filme tem características únicas, aquelas mesmas que os Instagrams e Pixlr Express da vida tentam reproduzir nas fotos digitais. Não estou desmerecendo esses apps, até porque os uso também. Mas a fotografia analógica tem todo um "fator surpresa", aquela incerteza sobre o resultado... e o número limitado de poses leva a uma maior preocupação com o que será fotografado.
Preocupação esta que eu tive, mas que, embalada pela alegria do momento registrado - uma ida ao clube com primas e tios - e coroada com uma certa falta de experiência minha, levou a algumas pequenas falhas. Quando recebi as fotos, fiquei mais feliz do que imaginava - achei que ia ser pior -, mas não pude deixar de notar aquilo que podia ser melhorado. E assim fiz. Fiz uma lista de erros cometidos na operação da câmera, a fim de corrigi-los numa segunda oportunidade. Sim, haverá segunda oportunidade. O bicho da fotografia analógica me mordeu. Ainda que com um certo ar de "lomografia", ou de algo mais descompromissado e experimental, eu não quero mais largar isso.
Mas enfim, vamos aos erros. Quero registrá-los aqui para que outras pessoas que queiram experimentar essa câmera tomem cuidado com esses fatores.

*ERROS*
1 - Fotografar em tempo nublado - Embora os resultados não tenham ficado exatamente ruins, é sob sol forte que essa câmera dá resultados melhores. Minhas fotos ficaram com uma certa aura fria, sem cores fortes, por causa disso. E embaixo d'água tudo fica melhor sob o sol.
2 - Não prestar atenção no avanço correto do filme - Perdi três frames do meu filme por causa de erros no uso do mecanismo de avanço. Acho que estava fazendo ao contrário.
3 - Não usar o viewfinder debaixo d'água - É importante usá-lo sempre quando não se tem experiência. Isso evita fotografar as pessoas pela metade, como eu acabei fazendo.
4 - Tentar fazer selfies sub-aquáticos, sem ter alguma noção de posição da lente antes disso - Sim. Minha tentativa de selfie sub-aquático com as primas resultou em um selfie capilar. Acho que da próxima vez pedirei a alguém pra tirar a foto. Ou farei alguns testes antes.

Então é isso, pessoal. Novas tentativas estão por vir.
(Não postei os resultados aqui porque não foram digitalizados, digitalização é cara nos laboratórios. Haha)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

O último bilhete

Eu tomei coragem, já despida de esperanças, sem qualquer indício de sonho dourado. Porque a sua distância fez com que eu visse quem você é. E vi que você não merece ser o personagem das minhas expectativas, porque é incapaz de olhar para fora de si. Por isso não senti dor. Só vontade de rir. Estou sorrindo pra vida, como se nada tivesse ocorrido. Não precisa se preocupar.
Estou sem paciência para escrever muito, então ficam essas palavras mesmo.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Go ahead

Um passo à frente pode ser um passo em falso. Pode ser um grande salto para a humanidade. Pode ser o desequilíbrio que leva ao abismo. Pode ser o momento que precede um tropeço daqueles que você bate a cara no chão. Pode ser um ato de coragem, pode ser a redescoberta para quem acabou de se levantar de uma cadeira de rodas. Pode ser tanta coisa...
E não sei qual será o significado desse passo que eu hesito em dar. Se darei com a cara no chão, arranhando-a vigorosamente, ou se darei um grande salto rumo a campos de rosas com espinhos e beleza.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Você é como um novelo de lã.
Estou aqui tentando te desenrolar há um tempo, mas parece que a cada vez que puxo o fio você se embaraça mais. Umas duas vezes eu achei a ponta e comecei a puxar, mas o fio travou. Talvez seja a complexidade do emaranhado. Talvez você seja um tipo de novelo de lã só pra gente experiente no assunto. Talvez você tenha personalidade difícil e não queira ser desenrolado.
O que é uma pena. Eu queria conseguir isso. Queria fazer de você um agasalho para os dias de frio, queria me sentir protegida e aquecida. Ainda quero. Mas é cada vez mais complicado. Talvez te observando melhor eu consiga chegar a alguma boa técnica.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Verborragia da escrita criativa

Eu não consigo mais escrever ficção. A razão técnica e instrumental do sistema escolar podou com sucesso meu fluxo criativo. Quer dizer, também não sei se não consigo ou se fico com preguiça de tentar. Talvez eu até consiga, mas sempre acho ruim. Já fui mais inspirada. Eu era uma criança criativa, poética, escrevia roteiros mil. Escrevi mais roteiros na infância do que na adolescência. Na adolescência, tive milhões de ideias de histórias de ficção, mas não levei adiante nenhuma. Escrevi e parei. Sempre por achar ruim. Desde moça do interior se descobrindo como mulher até moça vivendo na época da ditadura militar, passando por moça adolescente com problemas de identidade e sexualidade... Essas moças surgiram em minha mente e estão lá guardadas em arquivos .doc há no máximo cinco anos. Se fossem papéis, estariam empoeirados.
Me sinto um fracasso de pessoa por isso. Eu, que sempre me achei criativa, original, desafiadora, fui fisgada. A falta de tempo, a dedicação à faculdade, os problemas da vida, tudo isso me arrancou do mundo de fantasia que eu tinha a maior facilidade de criar. Hoje o que sobrou foi uma relativa facilidade pra escrever poemas e a minha mania de entremear citações musicais e literárias nos meus textos de blog. E minhas analogias que brotam do nada para descrever coisas que brotam na minha vida - aqui no blog tem um monte delas - e meus bons textos jornalísticos. Textos que eu já praticava, meio sem saber do meu futuro, na infância, quando inventava entrevistas com vocalistas inventadas de bandas inventadas para revistas também inventadas.
Então, esse ano me desafio a escrever ficção. Não só o roteiro do curta de Oficina de Comunicação Audiovisual, uma ficção minha, viva e pulsante. Seja a continuação ou adaptação dos meus arquivos empoeirados, seja uma nova ideia que surgiu na minha mente hoje e que está me fazendo tatear no escuro... Vou me inspirar. Vou construir personagens. Vou acordar minha parte criativa. Jornalista, porém criativa. Que o pragmatismo da futura profissão não mate o arco-íris que ainda vive dentro de mim. Até o final do ano terei algo escrito de forma concreta.
Também quero voltar a fazer música, mas isso é assunto pra outro post.

terça-feira, 11 de março de 2014

Trancado

Você se trancou. Se trancou no baú dos seus medos, no cofre da sua soberba, no castelo da resistência. Lacrou todas as janelas para que ninguém o visse. Ninguém é, segundo você, suficientemente digno de estar em sua presença de forma mais profunda. Relacionamentos não te atraem, tudo te entedia, sua vida é divertir-se com artes e corpos. Você se acha muito bem estando sozinho.
Sei um segredo. Você tem medo. Tem medo de se apegar, de ter sua vida revirada, de ver tudo mudar de lugar e ficar bom. Tem medo de dialogar com outra consciência que se encaixe bem com a sua.
Abra o olho e destranque a porta.

sábado, 1 de março de 2014

Músicas e sensações #1: Elis Regina

Abro essa série (ou não, porque pode ser que eu a abandone) de posts nessa noite carnavalesca de sábado. A ideia é listar aqui sete músicas cantadas por determinado artista, e o critério de seleção é o fato de elas me causarem sensações toda vez que eu as ouço. Músicas que me emocionem, que me arrepiem, que me façam amar a arte, que me façam sair do estado "normal" de quem ouve música como quem vê a banda passar. E começo com Elis. Elis sempre me emociona e me leva a lugares profundos. Elis, minha diva maior.
(há links pras músicas no título de cada uma, embora a formatação do blog não deixe isso claro.)

1 - Para Lennon e McCartney - Esse é um dos poucos arranjos que prestaram no Luz das Estrelas, pra mim. E há algo de "apoteótico" nele, algo que combina com a interpretação da Elis. A voz aberta, expandida, um grito pro mundo, um show de técnica... tudo isso me dá uma sensação que não sei explicar. Me sinto plena, me sinto feliz, me arrepio. Principalmente no "por que você não verá-áááááááááá meeeeeeeu laaaaado ocidental" em 2:10. Elis Regina, que mulher. Que força.
2 - Esta Tarde Vi Llover (ao vivo no Transversal do Tempo) - Se a música anterior me dá sensação de plenitude, essa quase me esvazia. É triste, é dolorida, é sofrimento puro. "Ya no sé cuanto me quieres, se me extrañas o me enganas..." Solidão e angústia em notas musicais. Já me vejo num dia nublado, sentindo aquela dilacerante dor de quem é enganado pela pessoa amada. (Inclusive escrevi um conto inspirado nela.) Piano e voz. Cesar e Elis. O clima tenso de uma corda prestes a se arrebentar. E Elis chorando no final da música. E emenda com Romaria. É demais pro meu coração: me arrepio, choro, quero me encolher num cantinho.
3 - Canto Triste - Outra canção de sarjeta. A começar pelo arranjo de orquestra. Sofrimento estilo anos 60, Elis em início de carreira. Além de ser uma música triste, que me faz pensar num filme em sépia, é também uma música que me parece dificílima de cantar: não me dei bem em nenhuma das vezes que tentei. Ou talvez eu seja incompetente. Em comparação com a anterior, essa me faz pensar em um poeta sentado ao lado de sua vitrola, fumando seu cigarro, tomando um porre filosófico e sofrendo calado. Já "Esta Tarde Vi Llover" é o eu-lírico suplicando, sangrando, escorrendo.
4 - Flora - Essa me faz sentir algo aconchegante. Fofura, cuidado, certeza de algo que é perene, aquela sensação de "eu tenho você, você tem a mim, nós temos um futuro pela frente, eu te admiro pra caramba". É uma música fofa. E amo ficar cantando "aaaalaralalaaaa" entre os versos.
5 - Ela - Tenho que deixar esse comentário aqui: uma das músicas mais underrated do repertório da Elis. Muito boa e pouco conhecida, com um arranjo que é muito amor (amo o baixo bem proeminente) e sem exageros comuns à época. Essa música sempre me inspirou a escrever um livro, a história dessa moça do oitavo andar onde tudo é um. Comecei a escrever, não terminei até hoje.
6 - Ponta de Areia - Assim como a primeira, essa aqui tem algo de apoteótico também. Não sei se tendo a me atrair por músicas cantadas em tons mais altos, com esse jeito mais "aberto"... Mas sempre que paro pra prestar atenção no conjunto dessa música, fico arrepiada. Ela vai crescendo aos poucos e começa a te envolver. Adoro o arranjo também (Cesar Camargo Mariano, seu lindo).
7 - Medley: Ponta de Areia/Fé Cega, Faca Amolada/Maria Maria - Onde esse medley estiver, eu me arrepiarei. Onde houver esse "alarala larala laralá UÊÊÊ ê lerelê lerelê lerelê lerelêêêê", eu sentirei um ímpeto de cantar junto. Onde houver a intensidade de Maria Maria, eu sentirei vontade de abraçar e beijar essa mulher. É contagiante. É o tipo de coisa que me faria surtar se eu visse ao vivo. Eu, aqui sentada no computador, fico querendo bater palminha junto.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Verso da liberdade

Antes eu vivia em campos de grama
de árvores frondosas
de fontes luminosas

Mas as fontes
as árvores
a grama
secaram por falta de cuidado

Agora me encontro num campo sombrio
tateando no escuro
no carinho inseguro
na esperança de ver o sol
quem sabe dessa vez
não haja só vazio

Quem sabe dessa vez
Eu trilhe o caminho contrário

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Amor leve

Amadureci em relação ao amor. Eu acho. Ando há dias refletindo sobre algumas coisas, agora que me vejo diante de um leque de possibilidades relacionadas ao assunto. O que me tem passado bastante pela cabeça são algumas certezas sobre o que eu não quero ser ou fazer. Coisas que eu já fui um dia, coisas que um dia eu achei legais... posturas que já não me atraem. Não sei se ficar tanto tempo solteira me fez assim, mas é a vida.
Pra começar, acho que não serei mais uma namorada melosa, mimimizenta, dramática. Não me identifico mais com isso. Também não me identifico com aquela postura kamikaze de "eu morreria por você", aquela falta de amor próprio contida no "minha vida não faz sentido sem sua presença". Se tem algo que aprendi com o fim de um namoro de três anos, é que eu consigo sim viver sem a antiga pessoa amada. Dói, é um parto até ficar acostumada. Mas é possível. Não quero ser também uma namorada ciumenta, não quero tentar controlar a vida de quem está ao meu lado, não quero dar chilique por besteira.
Penso em algo mais tranquilo, um namoro no qual haja respeito ao espaço do outro, liberdade. Um amor movido pela vontade de estar perto, e não pelo sentimento de obrigação ou por regras sisudas. Não que isso signifique necessariamente romper com a monogamia. Ainda não me sinto apta a isso. Mas, como eu já disse algumas vezes por aí, acredito numa monogamia mais livre. Sem invasão de privacidade, sem ciúme doentio, sem limitar e oprimir o outro - em especial, a mulher - sem chamar o outro de "meu". Meu. Ninguém é de ninguém... Tudo acaba. Mas isso não é motivo pra deixar de acreditar no amor, e sim pra viver amores mais leves. Faz bem até pra gente. Não nos sobrecarregamos tanto.
Acho que meu eu de cinco anos atrás se espantaria com o que escrevo hoje. Talvez, como eu disse no começo, isso seja amadurecimento.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Abobrinha de porta e fechadura

Uma porta acabou de ser aberta. Eu imaginava que a fechadura enferrujada fosse impedir que isso acontecesse tão cedo. Eu não podia chamar chaveiros e especialistas para abrir essa porta, então sentei e esperei do lado de fora. No entanto, a própria ferrugem da fechadura levou ao desgaste. E a porta se abriu.
Poderá esta porta ficar aberta o tempo todo, agora? Quanto tempo demora até que alguém ponha uma nova fechadura? E, o mais importante, serei eu a pessoa a fazer isso? Serei eu a pessoa a entrar, colocar um peso na porta, acender as luzes, descobrir as belezas e os defeitos e me encantar por todo o conjunto peculiar do ambiente? E, depois disso, sair apressadamente e comprar uma fechadura que combine com a porta, da qual só eu terei a chave... Não sei. É importante observar que o fato de só eu ter a chave não quer dizer que eu vá esconder do mundo esse lugar tão belo. Ele já ficou tempo demais escondido. A porta ficará aberta, mas eu poderei fechá-la quando quiser ficar sozinha. E só eu conhecerei alguns mistérios escondidos nas paredes, nos cantos, no chão e no teto.
Mas, por enquanto, vou apenas observar de fora e deixar que o ambiente me convide.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O que aprendi no primeiro semestre da faculdade de Jornalismo

- A mídia não aliena ninguém. Primeiro, porque o jornalismo não atua simplesmente ao seu bel-prazer: ele atua seguindo normas organizacionais, linhas editoriais, interagindo com o tempo e o espaço e, principalmente, atua em função da sociedade na qual está inserido, sendo necessária a fidelização do seu público. A sociedade também cria demandas para o jornalismo, não se trata de uma via de mão única na qual apenas os jornalistas mandam. E repetir esse discurso de que "a mídia aliena" é ignorar anos e anos de estudos de teorias da comunicação, ignorar a poderosa noção de que as pessoas fazem uso dos meios - não são só os meios que "usam" as pessoas.
- Escrever notícias e reportagens é um trabalho árduo, baseado em seleção e hierarquização. A forma mais fácil de aprender isso - ou melhor, de introjetar isso - é lendo notícias. Porque não se ensina a forma correta de escrever na faculdade. A teoria organizacional é levada bem a sério nesse ponto: os jornalistas aprendem por "osmose" as regras do seu veículo. (Inclusive, cursinho pré-vestibular ensina a passar no vestibular, mas não ensina a escrever notícias.)
- O jornalismo não é vilão nem mocinho. Há veículos diferentes, enquadramentos diferentes, linhas diferentes.
- Ser isento não necessariamente significa reproduzir o status quo. Eu, pelo menos, acredito numa coisa muito importante - conhecida pelos conservadores medrosos como "politicamente correto" -, que é o uso de termos não-ofensivos aos grupos sociais minoritários. Nessas horas, o manual de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) é meu exemplo. Pra quê chamar uma travesti no masculino? Pra quê destacar que um criminoso é homossexual, se a orientação sexual dele não influencia em nada no crime cometido? Esses são os parâmetros que eu pretendo tomar como base na minha vida jornalística, e espero encontrar uma empresa que siga esses parâmetros. #partiuEBC
- Jornalista não é marionete. O jornalista tem certa autonomia. Mas cabe usar essa autonomia com sabedoria, não inserir opinião nos textos, não adjetivar. Já chega de Sheherazade, por favor.

E, pra finalizar:
- Estou realmente no caminho certo. ♥

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Estrofe fulminante

Fizestes questão de bradar sua felicidade
Se era verdade, preferi não saber
E segui meu caminho esquecendo de ti
No entanto persistes em voltar atrás
Se estás tão feliz, porque não me deixas em paz?