Abro essa série (ou não, porque pode ser que eu a abandone) de posts nessa noite carnavalesca de sábado. A ideia é listar aqui sete músicas cantadas por determinado artista, e o critério de seleção é o fato de elas me causarem sensações toda vez que eu as ouço. Músicas que me emocionem, que me arrepiem, que me façam amar a arte, que me façam sair do estado "normal" de quem ouve música como quem vê a banda passar. E começo com Elis. Elis sempre me emociona e me leva a lugares profundos. Elis, minha diva maior.
(há links pras músicas no título de cada uma, embora a formatação do blog não deixe isso claro.)
1 - Para Lennon e McCartney - Esse é um dos poucos arranjos que prestaram no Luz das Estrelas, pra mim. E há algo de "apoteótico" nele, algo que combina com a interpretação da Elis. A voz aberta, expandida, um grito pro mundo, um show de técnica... tudo isso me dá uma sensação que não sei explicar. Me sinto plena, me sinto feliz, me arrepio. Principalmente no "por que você não verá-áááááááááá meeeeeeeu laaaaado ocidental" em 2:10. Elis Regina, que mulher. Que força.
2 - Esta Tarde Vi Llover (ao vivo no Transversal do Tempo) - Se a música anterior me dá sensação de plenitude, essa quase me esvazia. É triste, é dolorida, é sofrimento puro. "Ya no sé cuanto me quieres, se me extrañas o me enganas..." Solidão e angústia em notas musicais. Já me vejo num dia nublado, sentindo aquela dilacerante dor de quem é enganado pela pessoa amada. (Inclusive escrevi um conto inspirado nela.) Piano e voz. Cesar e Elis. O clima tenso de uma corda prestes a se arrebentar. E Elis chorando no final da música. E emenda com Romaria. É demais pro meu coração: me arrepio, choro, quero me encolher num cantinho.
3 - Canto Triste - Outra canção de sarjeta. A começar pelo arranjo de orquestra. Sofrimento estilo anos 60, Elis em início de carreira. Além de ser uma música triste, que me faz pensar num filme em sépia, é também uma música que me parece dificílima de cantar: não me dei bem em nenhuma das vezes que tentei. Ou talvez eu seja incompetente. Em comparação com a anterior, essa me faz pensar em um poeta sentado ao lado de sua vitrola, fumando seu cigarro, tomando um porre filosófico e sofrendo calado. Já "Esta Tarde Vi Llover" é o eu-lírico suplicando, sangrando, escorrendo.
4 - Flora - Essa me faz sentir algo aconchegante. Fofura, cuidado, certeza de algo que é perene, aquela sensação de "eu tenho você, você tem a mim, nós temos um futuro pela frente, eu te admiro pra caramba". É uma música fofa. E amo ficar cantando "aaaalaralalaaaa" entre os versos.
5 - Ela - Tenho que deixar esse comentário aqui: uma das músicas mais underrated do repertório da Elis. Muito boa e pouco conhecida, com um arranjo que é muito amor (amo o baixo bem proeminente) e sem exageros comuns à época. Essa música sempre me inspirou a escrever um livro, a história dessa moça do oitavo andar onde tudo é um. Comecei a escrever, não terminei até hoje.
6 - Ponta de Areia - Assim como a primeira, essa aqui tem algo de apoteótico também. Não sei se tendo a me atrair por músicas cantadas em tons mais altos, com esse jeito mais "aberto"... Mas sempre que paro pra prestar atenção no conjunto dessa música, fico arrepiada. Ela vai crescendo aos poucos e começa a te envolver. Adoro o arranjo também (Cesar Camargo Mariano, seu lindo).
7 - Medley: Ponta de Areia/Fé Cega, Faca Amolada/Maria Maria - Onde esse medley estiver, eu me arrepiarei. Onde houver esse "alarala larala laralá UÊÊÊ ê lerelê lerelê lerelê lerelêêêê", eu sentirei um ímpeto de cantar junto. Onde houver a intensidade de Maria Maria, eu sentirei vontade de abraçar e beijar essa mulher. É contagiante. É o tipo de coisa que me faria surtar se eu visse ao vivo. Eu, aqui sentada no computador, fico querendo bater palminha junto.
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