quarta-feira, 12 de março de 2014

Verborragia da escrita criativa

Eu não consigo mais escrever ficção. A razão técnica e instrumental do sistema escolar podou com sucesso meu fluxo criativo. Quer dizer, também não sei se não consigo ou se fico com preguiça de tentar. Talvez eu até consiga, mas sempre acho ruim. Já fui mais inspirada. Eu era uma criança criativa, poética, escrevia roteiros mil. Escrevi mais roteiros na infância do que na adolescência. Na adolescência, tive milhões de ideias de histórias de ficção, mas não levei adiante nenhuma. Escrevi e parei. Sempre por achar ruim. Desde moça do interior se descobrindo como mulher até moça vivendo na época da ditadura militar, passando por moça adolescente com problemas de identidade e sexualidade... Essas moças surgiram em minha mente e estão lá guardadas em arquivos .doc há no máximo cinco anos. Se fossem papéis, estariam empoeirados.
Me sinto um fracasso de pessoa por isso. Eu, que sempre me achei criativa, original, desafiadora, fui fisgada. A falta de tempo, a dedicação à faculdade, os problemas da vida, tudo isso me arrancou do mundo de fantasia que eu tinha a maior facilidade de criar. Hoje o que sobrou foi uma relativa facilidade pra escrever poemas e a minha mania de entremear citações musicais e literárias nos meus textos de blog. E minhas analogias que brotam do nada para descrever coisas que brotam na minha vida - aqui no blog tem um monte delas - e meus bons textos jornalísticos. Textos que eu já praticava, meio sem saber do meu futuro, na infância, quando inventava entrevistas com vocalistas inventadas de bandas inventadas para revistas também inventadas.
Então, esse ano me desafio a escrever ficção. Não só o roteiro do curta de Oficina de Comunicação Audiovisual, uma ficção minha, viva e pulsante. Seja a continuação ou adaptação dos meus arquivos empoeirados, seja uma nova ideia que surgiu na minha mente hoje e que está me fazendo tatear no escuro... Vou me inspirar. Vou construir personagens. Vou acordar minha parte criativa. Jornalista, porém criativa. Que o pragmatismo da futura profissão não mate o arco-íris que ainda vive dentro de mim. Até o final do ano terei algo escrito de forma concreta.
Também quero voltar a fazer música, mas isso é assunto pra outro post.

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