Eu sempre vou odiar essa suposta maturidade que faz com que as pessoas prefiram deixar pra lá aquilo que incomoda, em vez de tirar as coisas a limpo. Levo muito a sério o meu lema "não posso aceitar sossegada qualquer sacanagem ser coisa normal", como dizem os versos da canção. Pra mim não é sinal de maturidade o "não dar o braço a torcer". Pelo contrário. É covardia. Prefiro mil vezes me jogar na briga, me atirar contra a espada. Mas gosto de ter parceiros pra isso, e me irrita o fato de que mais e mais pessoas aderem a esse modo pragmático de lidar com as coisas.
O fato é que aquilo que dói precisa ser dito. Aquilo que o outro fez de errado, que cortou a sua carne, que te magoou, precisa ser verbalizado. E as pessoas precisam resgatar o bom e velho costume de pedir desculpas pelo que fizeram. Só que isso cai naquela velha questão de que quem sente é fraco, quem cobra respostas é besta, quem espera o mínimo de coerência do outro é um sonhador. Mas que se dane. Quixotescamente vou continuar levantando minha espada e minha bandeira.
sábado, 10 de janeiro de 2015
Entre a parede e a espada
domingo, 4 de janeiro de 2015
Meu vestido azul
Quando passei a sombra dourada nos meus olhos, vestindo-os com o mesmo brilho que eles pareciam ter na íris, não esperava que as coisas acontecessem assim. Pus o meu melhor vestido, azul como na canção da infância, comprado havia pouco tempo. Não importava que nada combinasse de verdade. Nunca soube me vestir impecavelmente e não queria parecer meiga demais.
Mas pra quê?, eu me perguntaria momentos depois. Desfez-se num instante a fina teia de ilusões que me permiti construir durante os meses que precederam aquele dia. Meu charme, meu nervosismo, minha vontade de estar perto, meus elogios, meus sorrisos, foi tudo em vão. Eu queria o duradouro, não o fugaz. Eu queria me atirar, mergulhar, não ficar boiando na superfície. Eu queria ser inteira e não fragmentada.
Essa não é a minha esquina, esse infelizmente não era o meu amor.