Você é como um novelo de lã.
Estou aqui tentando te desenrolar há um tempo, mas parece que a cada vez que puxo o fio você se embaraça mais. Umas duas vezes eu achei a ponta e comecei a puxar, mas o fio travou. Talvez seja a complexidade do emaranhado. Talvez você seja um tipo de novelo de lã só pra gente experiente no assunto. Talvez você tenha personalidade difícil e não queira ser desenrolado.
O que é uma pena. Eu queria conseguir isso. Queria fazer de você um agasalho para os dias de frio, queria me sentir protegida e aquecida. Ainda quero. Mas é cada vez mais complicado. Talvez te observando melhor eu consiga chegar a alguma boa técnica.
quarta-feira, 19 de março de 2014
quarta-feira, 12 de março de 2014
Verborragia da escrita criativa
Eu não consigo mais escrever ficção. A razão técnica e instrumental do sistema escolar podou com sucesso meu fluxo criativo. Quer dizer, também não sei se não consigo ou se fico com preguiça de tentar. Talvez eu até consiga, mas sempre acho ruim. Já fui mais inspirada. Eu era uma criança criativa, poética, escrevia roteiros mil. Escrevi mais roteiros na infância do que na adolescência. Na adolescência, tive milhões de ideias de histórias de ficção, mas não levei adiante nenhuma. Escrevi e parei. Sempre por achar ruim. Desde moça do interior se descobrindo como mulher até moça vivendo na época da ditadura militar, passando por moça adolescente com problemas de identidade e sexualidade... Essas moças surgiram em minha mente e estão lá guardadas em arquivos .doc há no máximo cinco anos. Se fossem papéis, estariam empoeirados.
Me sinto um fracasso de pessoa por isso. Eu, que sempre me achei criativa, original, desafiadora, fui fisgada. A falta de tempo, a dedicação à faculdade, os problemas da vida, tudo isso me arrancou do mundo de fantasia que eu tinha a maior facilidade de criar. Hoje o que sobrou foi uma relativa facilidade pra escrever poemas e a minha mania de entremear citações musicais e literárias nos meus textos de blog. E minhas analogias que brotam do nada para descrever coisas que brotam na minha vida - aqui no blog tem um monte delas - e meus bons textos jornalísticos. Textos que eu já praticava, meio sem saber do meu futuro, na infância, quando inventava entrevistas com vocalistas inventadas de bandas inventadas para revistas também inventadas.
Então, esse ano me desafio a escrever ficção. Não só o roteiro do curta de Oficina de Comunicação Audiovisual, uma ficção minha, viva e pulsante. Seja a continuação ou adaptação dos meus arquivos empoeirados, seja uma nova ideia que surgiu na minha mente hoje e que está me fazendo tatear no escuro... Vou me inspirar. Vou construir personagens. Vou acordar minha parte criativa. Jornalista, porém criativa. Que o pragmatismo da futura profissão não mate o arco-íris que ainda vive dentro de mim. Até o final do ano terei algo escrito de forma concreta.
Também quero voltar a fazer música, mas isso é assunto pra outro post.
Me sinto um fracasso de pessoa por isso. Eu, que sempre me achei criativa, original, desafiadora, fui fisgada. A falta de tempo, a dedicação à faculdade, os problemas da vida, tudo isso me arrancou do mundo de fantasia que eu tinha a maior facilidade de criar. Hoje o que sobrou foi uma relativa facilidade pra escrever poemas e a minha mania de entremear citações musicais e literárias nos meus textos de blog. E minhas analogias que brotam do nada para descrever coisas que brotam na minha vida - aqui no blog tem um monte delas - e meus bons textos jornalísticos. Textos que eu já praticava, meio sem saber do meu futuro, na infância, quando inventava entrevistas com vocalistas inventadas de bandas inventadas para revistas também inventadas.
Então, esse ano me desafio a escrever ficção. Não só o roteiro do curta de Oficina de Comunicação Audiovisual, uma ficção minha, viva e pulsante. Seja a continuação ou adaptação dos meus arquivos empoeirados, seja uma nova ideia que surgiu na minha mente hoje e que está me fazendo tatear no escuro... Vou me inspirar. Vou construir personagens. Vou acordar minha parte criativa. Jornalista, porém criativa. Que o pragmatismo da futura profissão não mate o arco-íris que ainda vive dentro de mim. Até o final do ano terei algo escrito de forma concreta.
Também quero voltar a fazer música, mas isso é assunto pra outro post.
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terça-feira, 11 de março de 2014
Trancado
Você se trancou. Se trancou no baú dos seus medos, no cofre da sua soberba, no castelo da resistência. Lacrou todas as janelas para que ninguém o visse. Ninguém é, segundo você, suficientemente digno de estar em sua presença de forma mais profunda. Relacionamentos não te atraem, tudo te entedia, sua vida é divertir-se com artes e corpos. Você se acha muito bem estando sozinho.
Sei um segredo. Você tem medo. Tem medo de se apegar, de ter sua vida revirada, de ver tudo mudar de lugar e ficar bom. Tem medo de dialogar com outra consciência que se encaixe bem com a sua.
Abra o olho e destranque a porta.
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sábado, 1 de março de 2014
Músicas e sensações #1: Elis Regina
Abro essa série (ou não, porque pode ser que eu a abandone) de posts nessa noite carnavalesca de sábado. A ideia é listar aqui sete músicas cantadas por determinado artista, e o critério de seleção é o fato de elas me causarem sensações toda vez que eu as ouço. Músicas que me emocionem, que me arrepiem, que me façam amar a arte, que me façam sair do estado "normal" de quem ouve música como quem vê a banda passar. E começo com Elis. Elis sempre me emociona e me leva a lugares profundos. Elis, minha diva maior.
(há links pras músicas no título de cada uma, embora a formatação do blog não deixe isso claro.)
1 - Para Lennon e McCartney - Esse é um dos poucos arranjos que prestaram no Luz das Estrelas, pra mim. E há algo de "apoteótico" nele, algo que combina com a interpretação da Elis. A voz aberta, expandida, um grito pro mundo, um show de técnica... tudo isso me dá uma sensação que não sei explicar. Me sinto plena, me sinto feliz, me arrepio. Principalmente no "por que você não verá-áááááááááá meeeeeeeu laaaaado ocidental" em 2:10. Elis Regina, que mulher. Que força.
2 - Esta Tarde Vi Llover (ao vivo no Transversal do Tempo) - Se a música anterior me dá sensação de plenitude, essa quase me esvazia. É triste, é dolorida, é sofrimento puro. "Ya no sé cuanto me quieres, se me extrañas o me enganas..." Solidão e angústia em notas musicais. Já me vejo num dia nublado, sentindo aquela dilacerante dor de quem é enganado pela pessoa amada. (Inclusive escrevi um conto inspirado nela.) Piano e voz. Cesar e Elis. O clima tenso de uma corda prestes a se arrebentar. E Elis chorando no final da música. E emenda com Romaria. É demais pro meu coração: me arrepio, choro, quero me encolher num cantinho.
3 - Canto Triste - Outra canção de sarjeta. A começar pelo arranjo de orquestra. Sofrimento estilo anos 60, Elis em início de carreira. Além de ser uma música triste, que me faz pensar num filme em sépia, é também uma música que me parece dificílima de cantar: não me dei bem em nenhuma das vezes que tentei. Ou talvez eu seja incompetente. Em comparação com a anterior, essa me faz pensar em um poeta sentado ao lado de sua vitrola, fumando seu cigarro, tomando um porre filosófico e sofrendo calado. Já "Esta Tarde Vi Llover" é o eu-lírico suplicando, sangrando, escorrendo.
4 - Flora - Essa me faz sentir algo aconchegante. Fofura, cuidado, certeza de algo que é perene, aquela sensação de "eu tenho você, você tem a mim, nós temos um futuro pela frente, eu te admiro pra caramba". É uma música fofa. E amo ficar cantando "aaaalaralalaaaa" entre os versos.
5 - Ela - Tenho que deixar esse comentário aqui: uma das músicas mais underrated do repertório da Elis. Muito boa e pouco conhecida, com um arranjo que é muito amor (amo o baixo bem proeminente) e sem exageros comuns à época. Essa música sempre me inspirou a escrever um livro, a história dessa moça do oitavo andar onde tudo é um. Comecei a escrever, não terminei até hoje.
6 - Ponta de Areia - Assim como a primeira, essa aqui tem algo de apoteótico também. Não sei se tendo a me atrair por músicas cantadas em tons mais altos, com esse jeito mais "aberto"... Mas sempre que paro pra prestar atenção no conjunto dessa música, fico arrepiada. Ela vai crescendo aos poucos e começa a te envolver. Adoro o arranjo também (Cesar Camargo Mariano, seu lindo).
7 - Medley: Ponta de Areia/Fé Cega, Faca Amolada/Maria Maria - Onde esse medley estiver, eu me arrepiarei. Onde houver esse "alarala larala laralá UÊÊÊ ê lerelê lerelê lerelê lerelêêêê", eu sentirei um ímpeto de cantar junto. Onde houver a intensidade de Maria Maria, eu sentirei vontade de abraçar e beijar essa mulher. É contagiante. É o tipo de coisa que me faria surtar se eu visse ao vivo. Eu, aqui sentada no computador, fico querendo bater palminha junto.
(há links pras músicas no título de cada uma, embora a formatação do blog não deixe isso claro.)
1 - Para Lennon e McCartney - Esse é um dos poucos arranjos que prestaram no Luz das Estrelas, pra mim. E há algo de "apoteótico" nele, algo que combina com a interpretação da Elis. A voz aberta, expandida, um grito pro mundo, um show de técnica... tudo isso me dá uma sensação que não sei explicar. Me sinto plena, me sinto feliz, me arrepio. Principalmente no "por que você não verá-áááááááááá meeeeeeeu laaaaado ocidental" em 2:10. Elis Regina, que mulher. Que força.
2 - Esta Tarde Vi Llover (ao vivo no Transversal do Tempo) - Se a música anterior me dá sensação de plenitude, essa quase me esvazia. É triste, é dolorida, é sofrimento puro. "Ya no sé cuanto me quieres, se me extrañas o me enganas..." Solidão e angústia em notas musicais. Já me vejo num dia nublado, sentindo aquela dilacerante dor de quem é enganado pela pessoa amada. (Inclusive escrevi um conto inspirado nela.) Piano e voz. Cesar e Elis. O clima tenso de uma corda prestes a se arrebentar. E Elis chorando no final da música. E emenda com Romaria. É demais pro meu coração: me arrepio, choro, quero me encolher num cantinho.
3 - Canto Triste - Outra canção de sarjeta. A começar pelo arranjo de orquestra. Sofrimento estilo anos 60, Elis em início de carreira. Além de ser uma música triste, que me faz pensar num filme em sépia, é também uma música que me parece dificílima de cantar: não me dei bem em nenhuma das vezes que tentei. Ou talvez eu seja incompetente. Em comparação com a anterior, essa me faz pensar em um poeta sentado ao lado de sua vitrola, fumando seu cigarro, tomando um porre filosófico e sofrendo calado. Já "Esta Tarde Vi Llover" é o eu-lírico suplicando, sangrando, escorrendo.
4 - Flora - Essa me faz sentir algo aconchegante. Fofura, cuidado, certeza de algo que é perene, aquela sensação de "eu tenho você, você tem a mim, nós temos um futuro pela frente, eu te admiro pra caramba". É uma música fofa. E amo ficar cantando "aaaalaralalaaaa" entre os versos.
5 - Ela - Tenho que deixar esse comentário aqui: uma das músicas mais underrated do repertório da Elis. Muito boa e pouco conhecida, com um arranjo que é muito amor (amo o baixo bem proeminente) e sem exageros comuns à época. Essa música sempre me inspirou a escrever um livro, a história dessa moça do oitavo andar onde tudo é um. Comecei a escrever, não terminei até hoje.
6 - Ponta de Areia - Assim como a primeira, essa aqui tem algo de apoteótico também. Não sei se tendo a me atrair por músicas cantadas em tons mais altos, com esse jeito mais "aberto"... Mas sempre que paro pra prestar atenção no conjunto dessa música, fico arrepiada. Ela vai crescendo aos poucos e começa a te envolver. Adoro o arranjo também (Cesar Camargo Mariano, seu lindo).
7 - Medley: Ponta de Areia/Fé Cega, Faca Amolada/Maria Maria - Onde esse medley estiver, eu me arrepiarei. Onde houver esse "alarala larala laralá UÊÊÊ ê lerelê lerelê lerelê lerelêêêê", eu sentirei um ímpeto de cantar junto. Onde houver a intensidade de Maria Maria, eu sentirei vontade de abraçar e beijar essa mulher. É contagiante. É o tipo de coisa que me faria surtar se eu visse ao vivo. Eu, aqui sentada no computador, fico querendo bater palminha junto.
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