quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Verso da liberdade

Antes eu vivia em campos de grama
de árvores frondosas
de fontes luminosas

Mas as fontes
as árvores
a grama
secaram por falta de cuidado

Agora me encontro num campo sombrio
tateando no escuro
no carinho inseguro
na esperança de ver o sol
quem sabe dessa vez
não haja só vazio

Quem sabe dessa vez
Eu trilhe o caminho contrário

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Amor leve

Amadureci em relação ao amor. Eu acho. Ando há dias refletindo sobre algumas coisas, agora que me vejo diante de um leque de possibilidades relacionadas ao assunto. O que me tem passado bastante pela cabeça são algumas certezas sobre o que eu não quero ser ou fazer. Coisas que eu já fui um dia, coisas que um dia eu achei legais... posturas que já não me atraem. Não sei se ficar tanto tempo solteira me fez assim, mas é a vida.
Pra começar, acho que não serei mais uma namorada melosa, mimimizenta, dramática. Não me identifico mais com isso. Também não me identifico com aquela postura kamikaze de "eu morreria por você", aquela falta de amor próprio contida no "minha vida não faz sentido sem sua presença". Se tem algo que aprendi com o fim de um namoro de três anos, é que eu consigo sim viver sem a antiga pessoa amada. Dói, é um parto até ficar acostumada. Mas é possível. Não quero ser também uma namorada ciumenta, não quero tentar controlar a vida de quem está ao meu lado, não quero dar chilique por besteira.
Penso em algo mais tranquilo, um namoro no qual haja respeito ao espaço do outro, liberdade. Um amor movido pela vontade de estar perto, e não pelo sentimento de obrigação ou por regras sisudas. Não que isso signifique necessariamente romper com a monogamia. Ainda não me sinto apta a isso. Mas, como eu já disse algumas vezes por aí, acredito numa monogamia mais livre. Sem invasão de privacidade, sem ciúme doentio, sem limitar e oprimir o outro - em especial, a mulher - sem chamar o outro de "meu". Meu. Ninguém é de ninguém... Tudo acaba. Mas isso não é motivo pra deixar de acreditar no amor, e sim pra viver amores mais leves. Faz bem até pra gente. Não nos sobrecarregamos tanto.
Acho que meu eu de cinco anos atrás se espantaria com o que escrevo hoje. Talvez, como eu disse no começo, isso seja amadurecimento.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Abobrinha de porta e fechadura

Uma porta acabou de ser aberta. Eu imaginava que a fechadura enferrujada fosse impedir que isso acontecesse tão cedo. Eu não podia chamar chaveiros e especialistas para abrir essa porta, então sentei e esperei do lado de fora. No entanto, a própria ferrugem da fechadura levou ao desgaste. E a porta se abriu.
Poderá esta porta ficar aberta o tempo todo, agora? Quanto tempo demora até que alguém ponha uma nova fechadura? E, o mais importante, serei eu a pessoa a fazer isso? Serei eu a pessoa a entrar, colocar um peso na porta, acender as luzes, descobrir as belezas e os defeitos e me encantar por todo o conjunto peculiar do ambiente? E, depois disso, sair apressadamente e comprar uma fechadura que combine com a porta, da qual só eu terei a chave... Não sei. É importante observar que o fato de só eu ter a chave não quer dizer que eu vá esconder do mundo esse lugar tão belo. Ele já ficou tempo demais escondido. A porta ficará aberta, mas eu poderei fechá-la quando quiser ficar sozinha. E só eu conhecerei alguns mistérios escondidos nas paredes, nos cantos, no chão e no teto.
Mas, por enquanto, vou apenas observar de fora e deixar que o ambiente me convide.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O que aprendi no primeiro semestre da faculdade de Jornalismo

- A mídia não aliena ninguém. Primeiro, porque o jornalismo não atua simplesmente ao seu bel-prazer: ele atua seguindo normas organizacionais, linhas editoriais, interagindo com o tempo e o espaço e, principalmente, atua em função da sociedade na qual está inserido, sendo necessária a fidelização do seu público. A sociedade também cria demandas para o jornalismo, não se trata de uma via de mão única na qual apenas os jornalistas mandam. E repetir esse discurso de que "a mídia aliena" é ignorar anos e anos de estudos de teorias da comunicação, ignorar a poderosa noção de que as pessoas fazem uso dos meios - não são só os meios que "usam" as pessoas.
- Escrever notícias e reportagens é um trabalho árduo, baseado em seleção e hierarquização. A forma mais fácil de aprender isso - ou melhor, de introjetar isso - é lendo notícias. Porque não se ensina a forma correta de escrever na faculdade. A teoria organizacional é levada bem a sério nesse ponto: os jornalistas aprendem por "osmose" as regras do seu veículo. (Inclusive, cursinho pré-vestibular ensina a passar no vestibular, mas não ensina a escrever notícias.)
- O jornalismo não é vilão nem mocinho. Há veículos diferentes, enquadramentos diferentes, linhas diferentes.
- Ser isento não necessariamente significa reproduzir o status quo. Eu, pelo menos, acredito numa coisa muito importante - conhecida pelos conservadores medrosos como "politicamente correto" -, que é o uso de termos não-ofensivos aos grupos sociais minoritários. Nessas horas, o manual de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) é meu exemplo. Pra quê chamar uma travesti no masculino? Pra quê destacar que um criminoso é homossexual, se a orientação sexual dele não influencia em nada no crime cometido? Esses são os parâmetros que eu pretendo tomar como base na minha vida jornalística, e espero encontrar uma empresa que siga esses parâmetros. #partiuEBC
- Jornalista não é marionete. O jornalista tem certa autonomia. Mas cabe usar essa autonomia com sabedoria, não inserir opinião nos textos, não adjetivar. Já chega de Sheherazade, por favor.

E, pra finalizar:
- Estou realmente no caminho certo. ♥