Sou feminista.
Meu feminismo é aquele dos pilares mais básicos: igualdade de direitos para homens e mulheres, fim da cultura do estupro, fim da educação machista que recebemos e que perpetua milhões de estereótipos aprisionadores. Há espaço também para certa interseccionalidade, dentro dos meus limites. Apoio a luta transfeminista, o feminismo negro, a luta LGBT, e sei que há necessidade da existência desses feminismos porque essas pessoas sofrem mais que eu. E sei que não posso falar por essas pessoas, porque de certa forma ainda sou privilegiada em relação a elas, como mulher cissexual, branca - na verdade parda, mas reconhecida pela sociedade como branca -, heterossexual e de classe média. Então vou sendo feminista do meu jeito, tentando aplicar os diversos conceitos na minha vida, pedindo que as pessoas respeitem aquelxs pelxs quais não posso falar.
A ideia é destruir o patriarcado, essa superestrutura opressora. Que prega que a mulher não pode ser livre, nem dona de seu corpo. Que inventa regras mil para a vida das mulheres. Que marginaliza quem não cabe nas caixas de gênero e sexualidade. Que hipersexualiza e discrimina a mulher negra. As diferentes vertentes do feminismo dedicam-se a esse combate de diversas formas. Uma delas é a tão incompreendida misandria: ódio à ideia de homem, à ideia de "macho" que legitima as opressões. Os menos entendidos a tacham de "femismo", o contrário de machismo; e consideram isso tão perigoso quanto o machismo. Ledo engano: o machismo é algo estrutural, a misandria é a reação do oprimido. Outra prática comum é a lesbiandade como posição política anti-patriarcado, bem como as relações livres em detrimento da monogamia.
Acho tudo isso válido, entendo as razões. Só me incomodo um pouco com a postura de algumas feministas em relação às práticas que citei no parágrafo anterior. Algumas pessoas agem como se você não pudesse ser feminista e monogâmica, ou feminista e hétero. Falam como se toda monogamia fosse opressora. Eu acredito numa ressignificação da monogamia, sem dominação e sem ciúme, sem ideia de "propriedade". Acredito que dizer que quem está num relacionamento monogâmico é necessariamente oprimido seja o mesmo erro de dizer que as mulheres islâmicas são oprimidas por cobrir o corpo. É uma limitação.
Mas sim, sou feminista. Com orgulho. E procuro aprender mais sobre, questionar meus privilégios e combater todos esses monstros que nos prendem, limitam e agridem. Não sei se consegui dizer claramente o que penso, mas acho que estou sendo coerente.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
Eu passarinho
Bom, as asas que eram podadas diariamente já cresceram de novo.
Elas eram podadas com suas chantagens emocionais, seus dramas, suas torturas psicológicas e suas mentiras. Um corte a cada vez que você fingia ser o que não era. Menos um pedaço a cada vez que você se recusava a participar do meu mundo.
Cada pedacinho subtraído era recolhido por você para formar suas asas. Mas os pedaços usados já tinham caído no chão, estavam sujos. E foram mal costurados na construção da sua liberdade torta.
Como cansei de fornecer material para isso, quis ir embora e deixar que minhas asas crescessem do zero. E não é que elas renasceram mais lindas? Se antes tinham um tom de cinza, agora são uma mistura de arco-íris e furta-cor. E o mais importante: são muito mais fortes e suportam meus voos mais longos e mais altos. Posso ir para onde quiser. Posso ser o que quiser. E posso encontrar alguém que voe tão alto quanto eu, que possa estar ao meu lado e me deixar ser, sem podar minhas asas. Ao contrário.
E estou tão lá no alto que nada sei do que acontece por aí. Talvez de vez em quando ainda sinta a perda das minhas antigas asas, mas aí lembro que há um mundo enorme pela frente. Não vou mais pousar, nem voltar a voar no seu abismo.
Elas eram podadas com suas chantagens emocionais, seus dramas, suas torturas psicológicas e suas mentiras. Um corte a cada vez que você fingia ser o que não era. Menos um pedaço a cada vez que você se recusava a participar do meu mundo.
Cada pedacinho subtraído era recolhido por você para formar suas asas. Mas os pedaços usados já tinham caído no chão, estavam sujos. E foram mal costurados na construção da sua liberdade torta.
Como cansei de fornecer material para isso, quis ir embora e deixar que minhas asas crescessem do zero. E não é que elas renasceram mais lindas? Se antes tinham um tom de cinza, agora são uma mistura de arco-íris e furta-cor. E o mais importante: são muito mais fortes e suportam meus voos mais longos e mais altos. Posso ir para onde quiser. Posso ser o que quiser. E posso encontrar alguém que voe tão alto quanto eu, que possa estar ao meu lado e me deixar ser, sem podar minhas asas. Ao contrário.
E estou tão lá no alto que nada sei do que acontece por aí. Talvez de vez em quando ainda sinta a perda das minhas antigas asas, mas aí lembro que há um mundo enorme pela frente. Não vou mais pousar, nem voltar a voar no seu abismo.
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quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Transbordando aleatoriedades curtas
Eu transbordo quando ouço música. Transbordo e vibro diante de um trabalho bem feito. Principalmente quando escuto alguma coisa que a Elis gravou. E se for ao vivo, mais ainda. Minha paixão pela música - que não é pouca -, nesse caso, se mistura com o amor que sinto pela Elis.
E transbordo mais ainda quando faço música. Quando canto, quando dou palpite em arranjos, quando me faço ouvir. Ainda que seja num simples karaokê.
Pena que por enquanto só posso ouvir música.
E transbordo mais ainda quando faço música. Quando canto, quando dou palpite em arranjos, quando me faço ouvir. Ainda que seja num simples karaokê.
Pena que por enquanto só posso ouvir música.
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verborragia
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Estrela solitária (poema)
Vejo que a minha hora
de entrar em cena se aproxima
Olho através das cortinas
e não encontro você na plateia
Triste vida de artista
abandonada no dia da estreia.
Por que essa decisão?
Ciúme do aplauso,
mero descaso
ou medo do meu brilho
invadir sua escuridão?
22.9.13
de entrar em cena se aproxima
Olho através das cortinas
e não encontro você na plateia
Triste vida de artista
abandonada no dia da estreia.
Por que essa decisão?
Ciúme do aplauso,
mero descaso
ou medo do meu brilho
invadir sua escuridão?
22.9.13
(baseado em fatos reais)
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Equívocos
Acho graça de dois tipos de pessoa que se acham a nata da inteligência cultural. São os elitistas e os saudosistas.
Os primeiros insistem que cultura é somente aquilo que a elite ouve, lê e consome, que ritmos musicais e outras manifestações populares não fazem parte da cultura. Que pagode, arrocha e funk são coisas inferiores. Usam diversas justificativas furadas para isso, até mesmo a da "falta de qualidade" das manifestações analisadas, tentando esconder algo que é mera arrogância. Em resumo, eles não gostam porque é coisa de pobre, negro e/ou da favela. São esses mesmos que acham lindo quando uma manifestação cultural da periferia é "embranquecida" e "higienizada" pra agradar a eles. Ou a arrogância é tão grande que nem os permite gostar do que já foi descaracterizado em favor deles.
Já os saudosistas insistem que "música boa é a de antigamente". Sem critério algum. Tendem a romancear toda a música de outrora, inclusive aquilo que em sua época era considerado como lixo musical. Para eles, o pop de antigamente, não importa o quão vazio fosse, é melhor do que o de hoje. Para eles, nada da música de hoje presta. Uma generalização idiota, pois música comercial e música "trabalhada" sempre existiram, e isso pode ser notado numa análise mais criteriosa. A produção fonográfica, aliás, é um grande ciclo. As coisas são as mesmas há um bom tempo, mas ninguém para pra observar isso.
Eu até entraria na discussão sobre como esses dois grupos têm atitudes misóginas (de ódio à mulher) para legitimar seus pontos de vista sobre "música de pobre" e "música ruim de hoje", mas não estou a fim de construir uma argumentação profunda sobre isso. É só uma pequena observação sobre como eu não gosto dessas atitudes. Creio que a verdadeira inteligência esteja em admitir que tudo é cultura. O pagodão é cultura, o funk é cultura, a literatura de cordel é cultura. Você pode desgostar à vontade, mas não desqualifique enquanto cultura. E é sempre bom mergulhar sem medo em tudo o que foi produzido antigamente e notar que ABBA é tão pop comercial quanto Britney Spears.
Os primeiros insistem que cultura é somente aquilo que a elite ouve, lê e consome, que ritmos musicais e outras manifestações populares não fazem parte da cultura. Que pagode, arrocha e funk são coisas inferiores. Usam diversas justificativas furadas para isso, até mesmo a da "falta de qualidade" das manifestações analisadas, tentando esconder algo que é mera arrogância. Em resumo, eles não gostam porque é coisa de pobre, negro e/ou da favela. São esses mesmos que acham lindo quando uma manifestação cultural da periferia é "embranquecida" e "higienizada" pra agradar a eles. Ou a arrogância é tão grande que nem os permite gostar do que já foi descaracterizado em favor deles.
Já os saudosistas insistem que "música boa é a de antigamente". Sem critério algum. Tendem a romancear toda a música de outrora, inclusive aquilo que em sua época era considerado como lixo musical. Para eles, o pop de antigamente, não importa o quão vazio fosse, é melhor do que o de hoje. Para eles, nada da música de hoje presta. Uma generalização idiota, pois música comercial e música "trabalhada" sempre existiram, e isso pode ser notado numa análise mais criteriosa. A produção fonográfica, aliás, é um grande ciclo. As coisas são as mesmas há um bom tempo, mas ninguém para pra observar isso.
Eu até entraria na discussão sobre como esses dois grupos têm atitudes misóginas (de ódio à mulher) para legitimar seus pontos de vista sobre "música de pobre" e "música ruim de hoje", mas não estou a fim de construir uma argumentação profunda sobre isso. É só uma pequena observação sobre como eu não gosto dessas atitudes. Creio que a verdadeira inteligência esteja em admitir que tudo é cultura. O pagodão é cultura, o funk é cultura, a literatura de cordel é cultura. Você pode desgostar à vontade, mas não desqualifique enquanto cultura. E é sempre bom mergulhar sem medo em tudo o que foi produzido antigamente e notar que ABBA é tão pop comercial quanto Britney Spears.
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sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Verborragia blue
Setembro, o turning point da minha vida. Finalmente passei no vestibular para a universidade que eu queria, para o curso que eu queria, e deixei o curso de Ciências Sociais na UNEB - que mais parecia uma tortura. Vou correndo buscar a glória, minha glória. Mas enquanto não chega o dia da matrícula, fico moscando em casa, saindo de vez em quando pra resolver alguns pequenos pepinos. O que é uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo. Boa porque eu fico ouvindo músicas mil, descobrindo novos álbuns e morrendo de amores por eles. Ruim porque eu sinto falta de fazer algo legal, e ouvir tanta música me dá saudade de cantar para um público. Ainda não posso fazê-lo, infelizmente. E também porque eu preciso ver gente. Me sinto meio que presa num mundo fechado, em introspecção um pouco forçada. Quero ver meus amigos, quero ouvir a voz deles, quero um abraço deles. Mas todos têm suas obrigações, como eu terei assim que as aulas começarem.
Então, a vida vai indo. E vou ficando com o que posso fazer no momento: ouvir música. E deixo aqui uma das músicas mais lindas, maravilhosas e perfeitas que descobri esses dias, que causa uma catarse em mim.
Então, a vida vai indo. E vou ficando com o que posso fazer no momento: ouvir música. E deixo aqui uma das músicas mais lindas, maravilhosas e perfeitas que descobri esses dias, que causa uma catarse em mim.
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