2014, o ano da catarse, das mortes metafóricas e reais, das vitórias, da intensidade. Foi um bom ano. Descobri muita música interessante, fui a bons shows, consolidei minha relação com pessoas queridas da faculdade, mantive viva a chama das amizades de escola. Tive um desempenho acadêmico acima da média, passei a usar o cabelo cacheado, aprendi a cuidar melhor do toca-discos. Escrevi mais do que nunca, experimentei a fotografia analógica, comprei um celular com meu próprio dinheiro (passei a ter meu próprio dinheiro, aliás). Assisti a filmes interessantíssimos, a maior parte deles devido à faculdade. Estamira, Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei, Bye Bye Brasil, Clamor do Sexo e Psicose foram as melhores descobertas. Esses dois últimos, por influência do mestre Setaro, que se foi na metade desse ano.
Acho que só houve uma área desastrosa da minha vida esse ano, o amor. O que tive de sucesso nas outras áreas, tive de insucesso nessa. Me joguei, caí, bati a cabeça, morri umas quatro vezes, levantei, tentei de novo, chorei. São as consequências de ser demasiado intensa. Sei lá. Fico pensando que, se eu fosse adepta do desapego e da negligência, da suposta independência, tudo seria mil vezes mais fácil. As pessoas andam traumatizadas. As pessoas não querem mais sentir. Preferem se manter na segurança da superfície. Mas eu, que mergulho, hei de achar alguém que goste tanto da profundidade quanto eu.
Em 2015 quero que tudo siga como está: intenso, firme e forte. Jamais me contentarei com pouco. Jamais aceitarei as coisas pela metade, jamais viverei na indefinição. "Não conheço o que existe entre o 8 e o 80..."
Feliz ano novo para as mosquinhas que leem meu blog.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
domingo, 21 de dezembro de 2014
Elis, o amor e a catarse
Ontem devo ter ficado entre morrer de emoção e atingir o nirvana. Ontem caminhei na corda-bamba entre o choro e o sorriso satisfeito. Arrepios percorreram o meu corpo a cada vez que o piano era tocado de forma mais intensa. Amor. O amor transbordava em mim naquele momento. Todo o amor que eu declaro, proclamo e transformo em verso, prosa, voz e silêncio por ela. Elis, essa mulher.
Tudo isso aconteceu ao assistir ao show "Saudade de Elis", na Caixa Cultural. Tunai e Wagner Tiso apresentaram, durante uma hora, um repertório de homenagem a Elis, com canções gravadas por ela e outras canções que permeiam, de certa forma, o universo elisiano e/ou têm relação com as trajetórias dos dois. Shows de homenagem não são novidade e quem me conhece sabe que tenho sérias reservas a outras pessoas cantando Elis. Mas nesse caso, resolvi ir porque podia ser realmente bom. Vi uns vídeos no YouTube, curti os arranjos baseados em piano e violão... e além disso, Tunai e Wagner são dois grandes músicos e contemporâneos dela, o que faz grande diferença. O primeiro teve três composições gravadas por ela.
O show foi maravilhoso. As músicas eram entremeadas por algumas histórias de convivência com Elis, contadas por Tunai. Solos de piano, momentos de voz e violão e todos juntos a maior parte o tempo. E a plateia delirando, cantando junto, adorando. Eu tive a sorte de sentar bem na frente, próxima às caixas de som. Senti todo o peso dos graves do piano, do jeito que eu gosto. Fechei os olhos. Me joguei. Cantei loucamente enquanto a música me invadia. Me segurei na cadeira tal qual alguém que tenta sair ileso de um tremor de terra. Me senti felicíssima, embora a emoção tenha me levado quase às lágrimas em meio às histórias. Que coisa linda ter tido a chance de estar com Elis. Coisa que nunca tive, nem terei, dado o fato de ter nascido treze anos depois de sua morte.
Voltei pra casa nesse misto de sensações. Satisfeitíssima com o show e com a experiência catártica inesquecível. Sim, porque não há nada que defina melhor aquilo tudo do que o termo "catarse", tanto na acepção do senso comum, quanto no significado estético da coisa. Transbordante. E, ao mesmo tempo, nostálgica. Aquilo tudo me fez pensar em como dói não ter Elis entre nós. Imaginei que lindo seria poder ver um show dela naquelas mesmas condições, num palco tão baixo e tão próximo de um público pequeno. Como dói não ter vivido numa época na qual ainda se criava expectativas sobre qual seria seu próximo álbum, sobre quais compositores ela gravaria. Ah, Elis. Que dor. Que saudade. Um misto de sentimentos, mais uma corda-bamba. Satisfeita e dilacerada, assim estava eu até pouco tempo atrás. Chorei, finalmente. Chorei por não tê-la mais aqui. Meio bobo, eu sei, mas o amor é bobo. "O importante é que ela tem quem a ame, quem a mantenha viva", disseram meus pais quando relatei minha sensação. É verdade. Mas esse final de semana, entre dores e prazeres, eu vi quão intensa é minha ligação com ela. Sem medo de ser piegas. Obrigada por tudo, Elis. ♥
Tudo isso aconteceu ao assistir ao show "Saudade de Elis", na Caixa Cultural. Tunai e Wagner Tiso apresentaram, durante uma hora, um repertório de homenagem a Elis, com canções gravadas por ela e outras canções que permeiam, de certa forma, o universo elisiano e/ou têm relação com as trajetórias dos dois. Shows de homenagem não são novidade e quem me conhece sabe que tenho sérias reservas a outras pessoas cantando Elis. Mas nesse caso, resolvi ir porque podia ser realmente bom. Vi uns vídeos no YouTube, curti os arranjos baseados em piano e violão... e além disso, Tunai e Wagner são dois grandes músicos e contemporâneos dela, o que faz grande diferença. O primeiro teve três composições gravadas por ela.
O show foi maravilhoso. As músicas eram entremeadas por algumas histórias de convivência com Elis, contadas por Tunai. Solos de piano, momentos de voz e violão e todos juntos a maior parte o tempo. E a plateia delirando, cantando junto, adorando. Eu tive a sorte de sentar bem na frente, próxima às caixas de som. Senti todo o peso dos graves do piano, do jeito que eu gosto. Fechei os olhos. Me joguei. Cantei loucamente enquanto a música me invadia. Me segurei na cadeira tal qual alguém que tenta sair ileso de um tremor de terra. Me senti felicíssima, embora a emoção tenha me levado quase às lágrimas em meio às histórias. Que coisa linda ter tido a chance de estar com Elis. Coisa que nunca tive, nem terei, dado o fato de ter nascido treze anos depois de sua morte.
Voltei pra casa nesse misto de sensações. Satisfeitíssima com o show e com a experiência catártica inesquecível. Sim, porque não há nada que defina melhor aquilo tudo do que o termo "catarse", tanto na acepção do senso comum, quanto no significado estético da coisa. Transbordante. E, ao mesmo tempo, nostálgica. Aquilo tudo me fez pensar em como dói não ter Elis entre nós. Imaginei que lindo seria poder ver um show dela naquelas mesmas condições, num palco tão baixo e tão próximo de um público pequeno. Como dói não ter vivido numa época na qual ainda se criava expectativas sobre qual seria seu próximo álbum, sobre quais compositores ela gravaria. Ah, Elis. Que dor. Que saudade. Um misto de sentimentos, mais uma corda-bamba. Satisfeita e dilacerada, assim estava eu até pouco tempo atrás. Chorei, finalmente. Chorei por não tê-la mais aqui. Meio bobo, eu sei, mas o amor é bobo. "O importante é que ela tem quem a ame, quem a mantenha viva", disseram meus pais quando relatei minha sensação. É verdade. Mas esse final de semana, entre dores e prazeres, eu vi quão intensa é minha ligação com ela. Sem medo de ser piegas. Obrigada por tudo, Elis. ♥
Vários textos estão por vir ainda essa semana. Chega de hiato.
assuntos:
amor,
experiências,
música,
vida
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